É um ato de celebração toda a vez em que realizadores brasileiros se empreendem na realização de um filme de fantasia. Custos à parte, firmar uma identidade nacional logo num gênero dominado pela cultura internacional é um exercício e tanto em sua demanda por criatividade. Mesmo oscilando entre altos e baixos, a diretora Renata Pinheiro faz Carro Rei nos entreter com um passeio distópico e consciente.
Numa Caruaru que passa por transformações urbanas, o jovem Uno (Luciano Pedro Jr.) tem a estranha habilidade de se comunicar com carros. Não da forma que seu tio, Zé Macaco (Matheus Nachtergaele), entende ser a partir de roncos de motor ou quaisquer ruídos, mas de forma verbal. De seu elo com um carro (de mesmo nome que o seu) da frota de táxis do pai, o garoto guarda mágoas familiares e pretende seguir outro caminho profissional, mas voltar a falar com o seu amigo secreto parece ser uma chance de consertar a sua vida familiar, além de ajudar a população da cidade a manter seus carros antigos uma vez que um político local (Tavinho Teixeira) vetou a circulação de veículos com mais de quinze anos.
(Fonte: IFFR/Reprodução) |
(Fonte: IFFR/Reprodução) |
Com uma fotografia cativante que enaltece os tantos incidentes absurdos da obra, mesmo com suas irregularidades, a audácia de Carro Rei é algo inspirador além de seu prêmio máximo no Festival de Gramado. Tal como o personagem-título, todo tunado, é uma síntese do que esse nosso Cinema Brasileiro atual tem – e muito – a oferecer.
Filme assistido na mostra Exibições Especiais do 10º Olhar de Cinema.
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