Laurie e Karen passam boa parte da projeção em confinamento, mas são o ponto do dilema moral da continuação. (© Universal Pictures/Divulgação) |
É interessante notar que Halloween Kills ocasionalmente cede o protagonismo ao coletivo e que "O mal acaba esta noite!" seja uma das frases mais ouvidas ao longo deste novo filme. Sua adesão vai aumentando a cada nova vítima brutalmente assassinada pelo sujeito mascarado que, tal como no segundo longa original, não segue um padrão. O que antes era uma tendência de eliminar jovens adultas, passando para a vendeta contra Laurie, "The Shape" agora quer eliminar todos que encontra pela frente, sem distinguir cor, idade ou orientação sexual. O trio fotografia, coreografia e montagem não nos poupam do massacre latente de Michael, sempre silencioso, ao contrário de toda a "gente de bem" de Haddonfield que não tem receios de pegar em armas para eliminar a ameaça.
Anthony Michael Hall faz de seu personagem que sobrevivera quando criança a chefe da investida contra Michael Myers. (© Universal Pictures/Divulgação) |
Porém, Myers, tal como muitas crianças fantasiadas na noite de Dia das Bruxas, está a fim de travessuras e parece testar os limites da agressividade daqueles que ousam desafiá-lo. A violência e o ódio lhe são os doces e "a criança de 6 anos no corpo de um adulto" nunca se dá por satisfeita; pelo contrário, se fortalece a ponto de se tornar uma besta indestrutível. A mitologia discutida por Laurie (Curtis) e Hawkins (Will Patton) tenta encontrar uma pista para destruir definitivamente o vilão, mas será que vai funcionar?
(© Universal Pictures/Divulgação) |
Considerando que se trata do segundo capítulo de uma trilogia pretendida por Green, é evidente que Halloween Kills: O Terror Continua carece de uma autonomia não só por seu apego ao passado, mas por ter que pavimentar um caminho para o desfecho a ser visto em Halloween Ends. Ainda assim, há um recado bem dado sobre os efeitos do ódio e seus discursos que, inevitavelmente, podem ser atribuídos àqueles que ainda simpatizam com a intolerância generalizada e, sim, até com as necropolíticas que venceram eleições nos últimos anos. A essência do mal é tentadora, empodera os fracos (que se acham abraçados pela causa e que passam por cima da lei, apesar de exigi-la na correção alheia) e, no mais sorrateiro dos golpes, consome aqueles que erroneamente a tentaram.
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