quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

SING SING – a arte liberta? | CRÍTICA


Ainda que tenha uma corrente maligna persistente em desdenhar qualquer incentivo à cultura, o exercício artístico segue comprovando o seu poder de transformação – e isso que nem estou falando sobre a experiência do meu filme Outros Abrigos. Mais do que um compartilhamento de um estudo de caso eficaz, Sing Sing é um retrato híbrido não intromissivo do que a arte pode contribuir ao cárcere.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

EMILIA PÉREZ – não é todo o diabo que pintaram, mas… | CRÍTICA

Karla Sofía Gascón e Zoe Saldaña em EMILIA PÉREZ

 

Como pode Emilia Pérez ser um filme tão premiado em sua jornada iniciada no Festival de Cannes ao mesmo tempo em que se tornou alvo de ojeriza (desde já, muito que justificada, em partes) da comunidade cinéfila, ainda mais com suas 13 indicações ao Oscar? Candidato francês para o Oscar de Melhor Filme Internacional, porém falado em espanhol e "situado" no México, o longa assinado por Jacques Audiard (mais conhecido por Ferrugem e Osso) revela ter uma boa disposição em querer se desvencilhar das mesmices dramáticas que sua história poderia ser conduzida, mas sua gana por virtuose é tanta que acaba se esquecendo de ter maior sensibilidade com os temas que decide abordar.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

TRILHA SONORA PARA UM GOLPE DE ESTADO – mera coincidência? | CRÍTICA


 

Muito se fala – e até se ensina – que a Guerra Fria não fora um conflito armado direto entre Estados Unidos e União Soviética, tendo a corrida espacial como uma narrativa amenizadora para todos os podres que ambas as nações cometeram em outros países e até mesmo contra sua própria gente. Relatos desvelados ao longo dos anos só intensificam a má reputação que os EUA, em sua pompa super-heróica contra o comunismo malvadão, revelando uma política de extermínio motivada por conspirações dadas pelo menor sinal de "ameaças" a sua hegemonia. Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado só reforça como o país norte-americano é tão bom em vender sua cultura quanto aniquilar a quem decide ser um perigo.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

A VERDADEIRA DOR …e uma influência conhecida | CRÍTICA

 

Kieran Culkin e Jesse Eisenberg em A VERDADEIRA DOR

Quando atores tendem a assumir a cadeira de direção, é um feito que merece atenção pela expansão de sua expressividade não mais restrita a parte da atuação ainda que, no fim das contas, pode ser apenas uma progressão de cargo sem muito diferente a contar. Em seu segundo longa como diretor, além de assinar o roteiro e co-protagonizar a narrativa, Jesse Eisenberg mais parece seguir os passos de um icônico cineasta com quem já trabalhou na década passada enquanto sobrecarrega a trama com mais humor do que o necessário.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

ACOMPANHANTE PERFEITA …ou de fórmula batida? | CRÍTICA

 

Jack Quaid e Sophie Thatcher em ACOMPANHANTE PERFEITA

De tempos em tempos – e isso, acho, tem uns cem anos –, todas as narrativas envolvendo androides no cinema acabam revelando figuras que fogem do controle de sua criação e estimam por maior liberdade, apesar dos caminhos e atitudes contraditórias que tomam contra a humanidade (que até faz por merecer, dependendo do caso). Foi assim com Metrópolis, Blade Runner, O Exterminador do FuturoEx-Machina, a série Westworld (em sua expansão do filme da década de 1970) e tantas outras obras que repetem esse paradigma, buscando algum tipo de originalidade apesar de artifícios quase sempre repetidos. Alçando estilo, Acompanhante Perfeita aposta em sua roupagem romântica para encobrir ressalvas.


sábado, 18 de janeiro de 2025

CONCLAVE – um tremendo suspense de batina | CRÍTICA

 Ralph Fiennes em CONCLAVE


Nos últimos vinte anos, o mundo pôde acompanhar a eleição de dois novos papas e todas as cerimônias que circundam esse processo que recai toda a atenção perante a Igreja Católica, que muito parece gostar disso em tempos nos quais a doutrina vem perdendo fieis para outras doutrinas neopentecostais que usam e abusam da positividade tóxica e da roupagem freestyle em suas deturpações do mito da Caverna de Platão. Para a Igreja em si, é também um tempo de renovação de votos, ou melhor, de como vai comandar sua influência tendo um novo líder político e o que seus direcionamentos hão de lidar com isso. Após o ótimo Habemus Papam (2011), de Nani Moretti, chegou a hora de mais um confinamento cardeal com Conclave, que surpreende com a sua condução ao lado de um texto afiado.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

ANORA – dá para se divertir no sonho americano | CRÍTICA

Mark Eydelshteyn e Mikey Madison em ANORA

 

Com interesse debruçado nos mais diferentes tipos marginalizados que compõem a civilização estadunidense e, disso, extraindo narrativas que exultam a realidade tragicômica dessas pessoas, Sean Baker (Tangerina, Projeto Flórida, Red Rocket) conseguiu atrair o interesse da crítica e festivais em uma trajetória que culminou, no último Festival de Cannes, na entrega da Palma de Ouro para Anora, seu mais novo filme que, apesar de tamanha láurea, demonstra sinais de fadiga da estética do cineasta que, um dia, já foi seu maior diferencial.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

MARIA CALLAS – estátuas que desmoronam | CRÍTICA

 Angelina Jolie em MARIA CALLAS


Há algo de fascinante nas cinebiografias dirigidas por Pablo Larraín, diretor por trás de títulos biográficos como Spencer Jackie (isso sem se esquecer da bomba recente O Conde). Tudo é filmado com elegância, com uma condução que esbanja sobriedade em seu retrato de passados melancólicos, deixando o espectador cada vez mais hipnotizado em querer descobrir sobre aquelas pessoas de aparências tão glamurosas, porém, como vem a se descobrir, escondem almas melancólicas. Encerrando, então, esta trilogia informal de grandes mulheres do Século XX, é com Maria Callas que Larraín se prova um enxadrista ao utilizar o melhor da linguagem cinematográfica para recontar uma história de vida memorável ainda que se entregue pouco emocionante.


SOL DE INVERNO – o sol refletido na neve pode machucar os olhos | CRÍTICA

 


Com história delicada, Sol de Inverno nos faz pensar em como seria a vida longe de preconceitos.


sábado, 11 de janeiro de 2025

CÓDIGO PRETO, novo longa de espionagem de Steven Soderbergh, ganha trailer; assista

Michael Fassbender em CÓDIGO PRETO


A Universal Pictures divulgou o primeiro trailer de Código Preto (Black Bag), novo thriller de espionagem dirigido por Steven Soderbergh, aclamado diretor, ganhador do Oscar  conhecido por Sexo, Mentiras e Videotape; Erin Brockovich, Uma Mulher de Talento e Onze Homens e um Segredo). 

O longa, estrelado pelos também ganhadores do Oscar, Cate Blanchett e Michael Fassbender, narra a história dos lendários agentes de inteligência George Woodhouse e sua esposa Kathryn. Quando ela é suspeita de trair a nação, George enfrenta o teste final: lealdade ao seu casamento ou ao seu país.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

CHICO BENTO E A GOIABEIRA MARAVIOSA – vida longa a imaginação | CRÍTICA


 

Passada a experiência traumatizante de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo, a estreia de Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa é uma lufada de entretenimento certeiro enquanto se faz uma nova versão de um dos personagens mais queridos criados por Mauricio de Sousa. Com produção caprichada, a aventura interiorana diverte por sua ode a imaginação infantil enquanto revive o legado de um dos gêneros mais icônicos do Cinema Brasileiro.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

NOSFERATU – a definição de arte nas sombras | CRÍTICA


 

Quando artistas expressam seus desejos em filmar um projeto de tamanha estima, o resultado costuma ser de igual apreço, vide os tantos anos que George Miller dedicou em tirar Mad Max: Estrada da Fúria do papel, muito embora propostas emocionadas como o Megalópolis, de Francis Ford Coppola, não caíram lá no gosto do público. Fazia tempo também que Robert Eggers, um dos nomes mais célebres do terror da última década, há muito desejava fazer sua própria versão de Nosferatu. Nas mãos de quem entregou A Bruxa, O Farol e O Homem do Norte, é como se o conto do horripilante Conde Orlok fosse uma obra inédita tamanha inventividade em expandir o longa de 1922.