domingo, 10 de outubro de 2021

Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa! | CRÍTICA (10º Olhar de Cinema)



Exibido na Mostra Olhares Brasil do 10º Olhar de Cinema, sem se esquecer de sua passagem pela Mostra de Cinema de Tiradentes, Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa! vem, como documentário de longa-metragem, reforçar o que vem acontecendo há cinco séculos, porém com maior permissividade nos últimos anos: o ininterrupto genocídio e roubo de terras das tribos nativas do Brasil. Em meio ao Vale do Mucuri, no leste mineiro, os remanescentes Tikmũ’ũn registram as injustiças veladas e recontam fragmentos do passado que suplicam para que não se repita.


Realizado pelo quarteto Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu Roberto Romero, a atmosfera projetada pelo filme é uma mescla de apreensão e denúncia enquanto parece utilizar o filme como um pedido de socorro. Relatando os históricos de brutalidade cometido contra seus familiares pelos "brancos", o povo Maxakali reporta a falta de amparo oficial que, na prática, somente os faz recuar. Fica um destaque para a predominância do idioma nativo nas falas e, disso, outra curiosidade: o "preconceito" veio do português.

O documentário não tem um trabalho rebuscado de fotografia, mas possui momentos enfáticos. Tomadas aéreas escancaram o contraste de vegetações, câmeras na mão flagram um sujeito reacionário acusando de roubo um conhecido entre o povo, além da chegada risível de um peão de voz frouxa exigindo saber o nome do filme que a equipe está fazendo. Pois Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa! não só dá nome à obra, mas é uma proclamação que precisa ser dita mesmo à exaustão.



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