A expressiva bilheteria que Venom alcançou com seu filme-solo em 2018 era algo inexplicável. Para mim, nem mesmo a dedicação de Tom Hardy como Eddie Brock e seu alter-ego simbionte foi o suficiente para me entreter com um filme feito com uma década de atraso, mas tão ávido em garantir uma sequência que até a sua cena pós-créditos era mais promissora graças ao semblante maníaco de Woody Harrelson, deixando os fãs do personagem co-criado por Todd McFarlane na ansiedade por um clássico embate dos quadrinhos. Venom: Tempo de Carnificina, pois então, trata de cumprir tamanha expectativa enquanto não abre mão de suas insistentes ressalvas anteriores.
Aos cuidados de Andy Serkis na direção transpondo o roteiro escrito por Kelly Marcel a partir do argumento feito pela mesma com Tom Hardy, Tempo de Carnificina é uma estranha história de amor, por incrível que isso pareça soar. Por um lado, temos Brock (Hardy) ressentido porque nunca terá uma chance de reatar com Anne (Michelle Williams) por conta da rotina que seu parasita alienígena o leva a ter, ao passo em que Venom tem uma relação agridoce com seu hospedeiro e aspira por liberdade. No aguardo de sua sentença, o serial-killer Cletus Kasady (Harrelson) estima a amizade do então repórter investigativo, mas as descobertas de Brock pioram o cenário para o vilão, que não se esquece de sua amada Frances (Naomie Harris), separados há décadas. Pioram… ou, nas dadas circunstâncias, melhoram a situação para Kasady?
(© Sony Pictures/Divulgação) |
Com um pouco menos de 100 minutos de duração, é fato que Tempo de Carnificina é muito chato de acompanhar. Acostumado com o sucesso de suas cenas Gollum/Sméagol na trilogia O Senhor dos Anéis e no primeiro O Hobbit, Serkis dedica muito tempo de tela para as brigas entre Brock e Venom, mas a voz deste é não menos que irritante e as tais "discussões de relacionamento" pouco ou nada somam à trama. É aborrecível!
(© Sony Pictures/Divulgação) |
Por outro lado, dedicar o foco da narrativa ao desenvolvimento de Kasady se torna algo plausível. Não é um Hannibal Lecter, mas Woody Harrelson concede ao seu vilão um olhar e sorriso psicóticos incômodos e as interações que tem com Hardy são seus melhores momentos. A composição visual soturna dos cenários é outro acerto e resgata a atmosfera apreensiva dos quadrinhos de origem, ainda mais quando fotografada por ninguém menos do que o experiente Robert Richardson (Era Uma Vez Em… Hollywood, A Invenção de Hugo Cabret).
(© Sony Pictures/Divulgação) |
Superior ao seu original (o que não significa ser primoroso), ainda assim, Andy Serkis faz com que Venom: Tempo de Carnificina (Venom: There Will Be Carnage, no original) tenha uma trama investigativa até que empolgante e há mérito na coreografia de suas sequências de ação mais ilustres e com uma gravidade que o insípido Jon Watts jamais conseguiu imprimir em sua leva de longas do Homem-Aranha. Em tempos iminentes de multiverso e a necessidade de ser piadista tipo Deadpool, fica a saudade de quando o Aranhaverso tinha autonomia nos filmes da Marvel.
P.S.: A cena pós-créditos é de total agrado aos fãs que não se importam com resoluções baratas.
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