Quando artistas expressam seus desejos em filmar um projeto de tamanha estima, o resultado costuma ser de igual apreço, vide os tantos anos que George Miller dedicou em tirar Mad Max: Estrada da Fúria do papel, muito embora propostas emocionadas como o Megalópolis, de Francis Ford Coppola, não caíram lá no gosto do público. Fazia tempo também que Robert Eggers, um dos nomes mais célebres do terror da última década, há muito desejava fazer sua própria versão de Nosferatu. Nas mãos de quem entregou A Bruxa, O Farol e O Homem do Norte, é como se o conto do horripilante Conde Orlok fosse uma obra inédita tamanha inventividade em expandir o longa de 1922.
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(© Universal Pictures/Focus Features/Divulgação) |
Assim como Coppola tinha um dream-team em Drácula de Bram Stoker, o elenco deste Nosferatu é de um magnetismo absurdo. Apesar de que Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin e, em partes, Nicholas Hoult e Lily-Rose Depp sejam relegados a momentos que, em determinado ponto da projeção, se tornam enfadonhos de tantas frases rebuscadas para ações meio redundantes, é fantástico acompanhar Willem Dafoe e Ralph Ineson atuando com gosto entre várias enunciações de histórias sinistras sobre o temível Conde que se aproxima.
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(© Universal Pictures/Focus Features/Divulgação) |
E que presença marcante a de Conde Orlok, o Nosferatu. Em uma escolha criativa justa por não mimetizar todos os planos emblemáticos do longa original, aqui, Eggers e Bill Skarsgård (IT - A Coisa) investem em uma performance imperiosa do antagonista, sendo curioso notar que face e até mesmo corpo não são revelados por inteiro num primeiro momento. Conde Orlok é sempre tomado pelas sombras pois o próprio integra as trevas, agora com toda uma ênfase vocal e corporal que o torna muito mais ameaçador, desprezível, nojento e repugnante.
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(© Universal Pictures/Focus Features/Divulgação) |
Exercício de goticismo levado a sério (e que nem mesmo Tim Burton conseguiria entregar), desde a fotografia quase monocromática assinada por Jarin Blaschke e sua destreza de compor cenas noturnas com uma beleza singular, sem se esquecer de mencionar todo o trabalho com sombras, além de todo o trabalho feroz de som que compreende desde efeitos, edição e a trilha sonora de Robin Carolan, Nosferatu diz a que veio e cheio de vigor – e que bom que, exageros à parte, temos Robert Eggers para nos tirar do óbvio.
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