quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Até Que A Sorte Nos Separe 3 | CRÍTICA


O ano de 2015 se vai marcado por reflexos de uma crise econômica que tanto abalou os brasileiros, cada vez mais possessos com os atos das governanças eleitas no ano anterior. Enquanto de um lado há defensores de que o Brasil se mostra uma potência econômica mundial, mesmo depois do legado duvidoso da Copa, o setor industrial fez demissões em massa de norte a sul, ao passo em que explodiram as passeatas contra e pró-governo, panelaços e hashtags. Se isso tudo pareceu uma breve retrospectiva do ano, foi o cenário aparentemente propício no qual Até Que A Sorte Nos Separe 3: A Falência Final resolveu dar as caras.

Sendo rápido, a trama da mais nova falência de Tino (Leandro Hassum), Jane (Camila Morgado) e família segue os mesmos passos do roteiro original de 2012: um ato imprudente põe em risco todo o dinheiro da família e ameaça a estrutura emocional da mesma. Vendendo "biscoitinhos Globo" nas ruas do Rio, o sedentário pai tem a "sorte" de ser atropelado pelo playboy Tom (Bruno Gissoni), filho de Rique Barelli, um dos maiores magnatas do Brasil e aqui um simulacro para Eike Batista & família, que inclui uma esposa que desfilou em Carnaval e foi capa da Playboy. Aceitando um empregão do empresário graças a sua personalidade de "povão", Tino agora põe em risco toda a economia do Brasil, a mesma que vem recebendo pedaladas fiscais em escala estadual a federal.


Abafando os diversos pares de cenas excessivas e sua iluminação sempre clara demais, a trilha sonora digital incessante (parece não haver um minuto sequer de silêncio), as gags já batidas desde seu primeiro episódio, além da própria moral de que o amor fala mais alto que o dinheiro, este Até Que A Sorte Nos Separe, no entanto, traz algo catártico ao seu espectador. Ao colocar Tino e Amaury (Kiko Mascarenhas) dentro do gabinete presidencial de Dilma Rousseff, de fato, a sequência mais engraçada do longa justamente pelos roteiristas não perdoarem os discursos atrapalhados da presidente, Leandro Hassum aproveita e fala pelo povo indignado as mais diversas provocações à Rousseff, embora uma ou outra, em suas entrelinhas, sejam ofensivas para qualquer pessoa simpatizante ou não.

Todavia, quando Nestor Cerveró (interpretado aqui por Bemvindo Sequeira), o sujeito aparentemente mais sujo da Operação Lava-Jato e que saiu da prisão para viajar pro Rio curtir o Natal, aparece na sala e leva um golpe no rosto, Hassum, com seu humor ora batido, acaba transformando seu personagem, tão mal devedor como uma grande parcela dos brasileiros, em nada mais, nada menos, do que uma espécie de herói nacional. Só faltou mesmo chutar Eduardo Cunha, mas aí talvez seria ficção demais – por enquanto, espera-se.





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