quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

À Beira Mar | CRÍTICA


Desde que anunciaram seu relacionamento, há dez anos, Brad Pitt e Angelina Jolie são considerados como um dos casais mais queridos de Hollywood, seja por seu talento, por sua beleza ou pelo trabalho humanitário que juntos desenvolvem. Mas qualquer casal, indiferente de cor, raça, credo ou fortuna, também passa por momentos de crise, daqueles que põem em risco toda a aparente história de amor e felicidade que construíram ao longo de suas vidas. Voltando a atuar juntos desde Sr. & Sra. Smith, À Beira Mar (By The Sea) é, senão, o filme mais autoral da diretora, que tenta contar nas entrelinhas sobre uma crise pela qual passou poucos anos atrás.

Num vilarejo do litoral da França, ou assim parece dado o idioma falado no local, o casal Roland (Pitt) e Vanessa (Jolie Pitt) dá entrada em um hotel que já teve seus dias de glória. Com uma vista incrível para o mar e um bar não muito longe dali com um simpático proprietário vivido por Niels Arestrup, o cenário não poderia ser melhor para Roland, um escritor sofrendo de bloqueio criativo. Nas idas ao bar para encontrar inspiração, mas cai no vício do álcool e na conversa com Michel (Arestrup), Roland mal imagina que sua esposa, praticamente confinada por vontade própria, desenvolve um tipo novo de vício enquanto se contorce em suas crises do passado. Quando dois jovens artistas e recém-casados (vividos por Mélanie Laurent e Melvil Poupaud), se instalam no quarto ao lado, e o buraco de um cano entre os quartos lhe revela as atividades amorosas do casal apaixonado, Vanessa passa a ficar ainda mais atormentada ao passo em que seu lado voyeur cresce vorazmente e põe em cheque tudo o que viveu com o (cada vez mais bêbado) marido.

Dito por aí que se assemelha a um clássico europeu, quem sabe até com O DesprezoÀ Beira Mar não é lá um filme que traga inovações em sua linguagem cinematográfica. Entre seus planos e contraplanos, além das breves e intrigantes imagens que volta e meia surgem para refletir as dores de Vanessa, Angelina Jolie Pitt escreve seu roteiro intimista com muito carinho, apesar dos incômodos com os diversos espaçamentos e ações repetitivas, percebe-se que a diretora/produtora/atriz/roteirista rege seu elenco mínimo muito melhor do que no cansativo Invencível, deixando-os bastante confortáveis numa trama que beira a uma tragédia.



Mostrando ser mais simples do que aparentava, o filme é, praticamente, um agradecimento pessoal de Angelina ao homem que esteve e está ao seu lado há uma década. Em sua descrição visual, Roland é um personagem íntegro e que jamais cogitaria abandonar a sua amada, algo intensificado a partir do segundo - e melhor - ato da projeção. Quando tudo parece estar perdido, realmente insuportável, o homem vai lá e reforça que deseja a esposa, uma energia que não seria a mesma caso não viesse de outro alguém se não do próprio Brad Pitt. 

Nas intimistas cenas do casal, como no tocante abraço debaixo do chuveiro ou no divertido lanche no chão do quarto espionando as atividades alheias, Jolie Pitt a todo o momento enfatiza que, além do amor, um tanto de cumplicidade na relação não faz mal a ninguém.






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