quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Tudo Que Aprendemos Juntos | CRÍTICA


Se estamos acostumados a ver o Lázaro Ramos alegre e descontraído em suas atuações bem humoradas, certamente é surpreendente se deparar com sua figura séria, focada e de poucos amigos ao interpretar um violinista que não permite a si nada menos que a perfeição. E é sobre a história verídica da Orquestra de Heliópolis que Tudo Que Aprendemos Juntos, de Sérgio Machado, mostra a história do músico Laerte, que é conhecido por ser um prodígio desde criança.

Na trama, é possível se deparar com dois universos distintos entre profissionais de música clássica que almejam entrar para grandes orquestras e tem esta prática como a sua vida; e garotos e garotas que moram na favela e possuem a música como forma de escape das dificuldades da vida. É nesse conflito de dois mundos que Laerte se encontra ao perder um teste para tocar entre os maiores músicos na filarmônica. Ele se vê sem outra opção para conseguir algum dinheiro, a não ser se tornar professor de estudantes da comunidade que estão longe de compreender a magnitude que os instrumentos têm para o músico. 


Apesar de não ser a primeira vez que esse tema invade as telas, em que um lado aprende a ceder mais e o outro a evoluir como ser humano, havendo uma troca entre ambos, esta produção apresenta cenas inspiradoras colocando lado a lado estas duas faces. Por exemplo, no momento em que fazem um concerto de obras clássicas dentro da favela, contrastando a sutileza das notas com o olhar penetrante da população não habituada com o que ouve e as casas simplórias que compõe o espaço morro acima. Além disso, questões mais profundas são mostradas tanto em relação a Laerte que muito centrado e perfeccionista não se reconhece em meio aquilo, sendo que ao falar com seu pai (Milton Gonçalves) por telefone o qual entendemos que é a verdadeiro motivo para o músico ser como é, prefere ocultar o fato de estar trabalhando na comunidade. Já sobre o lado dos alunos, é mostrado muito como é a realidade cada um com pais alcoólatras, drogados, que batem, gritam e não se importam nem um pouco com o que os filhos fazem. A opção de tomar decisões certas depende apenas deles mesmos e só pelo fato de por um momento terem escolhido a música, já dão o primeiro passo para reverter a situação em que se encontram.





Um filme inspirador e emocionante que mais uma vez mostra o potencial do cinema brasileiro que requer mais visibilidade e prestígio. Muitos podem pensar que é apenas mais um que fala sobre favela; mas o foco não é esse, e sim quebrar paradigmas de que música clássica não combina com favela, de que quem nasce lá não pode se tornar um violinista e principalmente de que com muita prática e confiança, não estamos fadados a apenas aquele futuro já predeterminado, mas sim podemos mudar nosso "destino" e sermos o que quisermos.



 

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