Muito se fala – e até se ensina – que a Guerra Fria não fora um conflito armado direto entre Estados Unidos e União Soviética, tendo a corrida espacial como uma narrativa amenizadora para todos os podres que ambas as nações cometeram em outros países e até mesmo contra sua própria gente. Relatos desvelados ao longo dos anos só intensificam a má reputação que os EUA, em sua pompa super-heróica contra o comunismo malvadão, revelando uma política de extermínio motivada por conspirações dadas pelo menor sinal de "ameaças" a sua hegemonia. Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado só reforça como o país norte-americano é tão bom em vender sua cultura quanto aniquilar a quem decide ser um perigo.
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(Pandora Filmes/Divulgação) |
Para além de 2 horas de filme, Soundtrack To A Coup d'Etat (título original) é um programa maçante por suas tantas legendas atiradas na tela trazendo registros em texto e identificando cada personalidade política e/ou musical, o que não quer dizer que seja desinteressante. Chama a atenção as falas de Nikita Khrushchev, primeiro-secretário soviético, em seu posicionamento contra o domínio neocolonial no Congo enquanto este mesmo país clama por sua independência, concentrado na figura do primeiro-ministro Patrice Lubumba e tão logo tornado alvo. Não se trata (apenas) de um conflito racial, mas também de uma disputa pelas minas de urânio, importante elemento para energia nuclear, abundantes no país.
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(Pandora Filmes/Divulgação) |
A ser visto com muita disposição, o documentário é uma sequência de apontamentos de dedos para todos os culpados pelas crises humanitárias vigentes – e a montagem, inteligentíssima, de tantas justa-posições bota a bomba nos colos da ONU, da Tesla (previsível, dada a existência do vigarista Elon Musk) e da Apple. E quanto à música no filme? Talvez sempre foi uma cortina de fumaça para um recado mais urgente.
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