sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

ACOMPANHANTE PERFEITA …ou de fórmula batida? | CRÍTICA

 

Jack Quaid e Sophie Thatcher em ACOMPANHANTE PERFEITA

De tempos em tempos – e isso, acho, tem uns cem anos –, todas as narrativas envolvendo androides no cinema acabam revelando figuras que fogem do controle de sua criação e estimam por maior liberdade, apesar dos caminhos e atitudes contraditórias que tomam contra a humanidade (que até faz por merecer, dependendo do caso). Foi assim com Metrópolis, Blade Runner, O Exterminador do FuturoEx-Machina, a série Westworld (em sua expansão do filme da década de 1970) e tantas outras obras que repetem esse paradigma, buscando algum tipo de originalidade apesar de artifícios quase sempre repetidos. Alçando estilo, Acompanhante Perfeita aposta em sua roupagem romântica para encobrir ressalvas.


Contando com direção e roteiro de Drew Hancock, o filme é algo que jovens cinéfilos, anos atrás, diriam que "isso é muito Black Mirror". Tudo em cena começa como uma utopia: o primeiro encontro, carro de piloto automático, um rapaz boa pinta (Jack Quaid, de The Boys) levando a sua namorada, Iris (Sophie Thatcher, de Herege), para um passeio em uma mansão reclusa e paisagem idílica. Para olhos e ouvidos desatentos, essa história pode ser apenas um conto de amor e ciúmes que vai perdendo o próprio controle, mas há uma sutileza nos detalhes que prendem a atenção logo nos primeiros conflitos, o que só faz aumentar as perguntas: era defeito de fábrica, inteligência evoluída ou, no fim das contas, segundas (más) intenções?


Sophie Thatcher em ACOMPANHANTE PERFEITA
(© Warner Bros./Divulgação)


A trama de Companion (título original) se favorece quando adiciona flashbacks como camadas, o que só aumenta a intriga que se intensifica, mas, ainda assim, a narrativa foi me deixando bem entediado por motivos que só aumentavam. Os coadjuvantes desinteressantes de falas genéricas e piadas à toa, a tendência sádica pela violência e as próprias motivações da dupla protagonista, apesar de esforçados, faz com que todos os incidentes culminem mais numa dinâmica gato e rato do que qualquer outra solução mais audaciosa.


Sophie Thatcher e Jack Quaid em ACOMPANHANTE PERFEITA
(© Warner Bros./Divulgação)


Prometendo mais em sua divulgação charmosa do que a sua entrega, Acompanhante Perfeita tem lá seu charme e alguns momentos icônicos, mas me parece que faltou aquele um toque apimentado de verdade aquele temor pela tecnologia que estremece em qualquer ocasião …ou será que é porque, cada vez mais, as big-techs e seus magnatas da realidade já estão fazendo esse papel?



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