quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

O Manicômio | CRÍTICA



Conceber uma história found footage no cinema é um caso bastante complicado porque, na maioria das vezes, se tratam de narrativas que não conseguem (ou nem querem) se desprender dos clichês ou se abdicar das influências de filmes que bem aplicaram o recurso. Puxando, então, o terror testemunhado por câmeras amadoras para a era dos youtubers, o alemão O Manicômio é um registro falho dessa proposta ao se testar incapaz de tecer até mesmo sua vertente sobrenatural.

Dirigido por Michael David Pate, que assina o roteiro muito que especulando com o passado das práticas de tortura nazistas em instituições manicomiais e os relatos assombrosos que circundam estes, Heilstätten (no original) é uma história que reflete os limites da cobiça e das vertentes do abuso ao colocar uma dupla de youtubers de um canal de pegadinhas e desafios de mau gosto que convocam uma concorrente de milhares de inscritos para pernoitar num abandonado hospital psiquiátrico erguido pelos nazistas. Em busca de popularidade, a garota Marnie (Sonja Gerhardt) se junta ao grupo para tentar registar qualquer sinal de anormalidade e também se entender com seu frio ex-namorado, Theo (Tim Oliver Schultz, A Onda).


Insuportavelmente carregado de diálogos explicativos – senão repetitivos, a julgar pelas tantas vezes que os personagens comentam "atividades paranormais" –, o longa morde a isca dos clichês e segue quase a mesma estrutura de outros fracos found footages, como A Forca: o mistério é apresentado, um personagem terciário morre, outros passam a desaparecer e/ou serem violentados à medida em que a pretensa mitologia se discorre com uma paralela trama de vingança que chega a por em risco toda a tensão que, até ali, mais funciona graças aos cômodos escuros e claustrofóbicos filmados.

Talvez minimamente arrepiante pelas suas brevíssimas imagens de arquivo, Heilstätten frustra, enfim, por apelar para o mau gosto completo em seu terceiro ato com cara de snuff film e por se isentar de uma fantasmagórica catarse até mesmo para o seu passado real.



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