quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O Menino Que Queria Ser Rei | CRÍTICA


As lendas que circundam Rei Arthur se mantêm mais vivas do que aparentam, embora o interesse popular hoje se incline para aquelas histórias de super-heróis e até outros contos medievais fictícios. Num período de quinze anos, foram duas grandes produções em live action capitaneadas por diretores de peso como Antoine Fuqua e Guy Ritchie, sem contar a presença de um jovem e franzino rei dublado por Justin Timberlake em Shrek Terceiro e o anime Seven Deadly Sins com suas adaptações peculiares acerca do conto. Diante desse histórico, O Menino Que Queria Ser Rei parece, em tese, trazer uma abordagem bastante divertida a fim de conquistar a garotada que desconhece todo o legado da espada Excalibur, mas o que se vê é uma aborrecível história que carece de tudo o que lhe faria, no mínimo, melhor.

Dirigido e escrito por Joe Cornish, que ganhou certa reverência anos atrás com Ataque ao Prédio, o filme conta como o destemido garoto Alex (Louis Ashbourne Serkis), um fã das histórias do Rei Arthur, obteve em suas mãos a lendária Excalibur e, a partir daí, parte para uma jornada pelo Reino Unido com seu amigo Bedders, dois bullies do colégio e um esquisito jovem Merlin para conter a ameaça de Morgana (Rebecca Ferguson) que pretende dominar o mundo em trevas.

(© 20th Century Fox/Divulgação)

Bobo e marcado por atuações afetadas e sofríveis do elenco juvenil que parecem se comportar feito Teletubbies em suas divergências pessoais e na ingenuidade perante o sobrenatural, The Kid Who Would Be King (título original) até traz alguns momentos auspiciosos como as esporádicas aparições de Patrick Stewart, a primeira fuga do quarteto pela cidade e até a barricada na escola no terceiro ato, mas o roteiro tão repleto de deus ex machina, as incongruências narrativas e até o excesso de drama familiar que circunda o protagonista acaba sombreando todo o encanto que o filme parecia prometer a julgar por seu prólogo animado. Ledo engano, ainda mais quando os seus dois finais só estendem a fadiga dessa jornada.

(© 20th Century Fox/Divulgação)

No final das contas, O Menino Que Queria Ser Rei pode até parecer animoso para a criança espectadora que está tomando os primeiros passos da magia no cinema, mas pode frustar aqueles que cresceram sobre essa mesma fundação e com exemplares devidamente marcantes. Dá saudades da inocência que Chris Columbus costumava nos presentear, da audácia desavergonhada dos filmes infantis feitos por Robert Rodriguez de efeitos visuais mambembes e de pensar em fazer aquelas deliciosas e incansáveis maratonas de O Senhor dos Anéis e/ou Harry Potter.



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