quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Como Treinar O Seu Dragão 3 | CRÍTICA


Há quase uma década, uma plateia jovem conhecia a cativante história do adolescente viking Soluço que, contrariando as tradições de sua ilha-vila, criou um elo de amizade com o que consideravam um dos dragões mais temíveis: o Fúria da Noite, o qual o garoto decidiu chamar de Banguela. Quatro anos depois – e com uma narrativa tão emocionante quanto –, a saga literária escrita por Cressida Cowell se expandia na animação assinada pela Dreamworks com uma boa grandiloquência próxima àquela que o público "mais crescido" encontrava em Game Of Thrones, projetando bons combates e perdas irreversíveis que, por outra via, amadureciam o protagonista e seu escamoso companheiro alado. Por fim, entre constantes despedidas, Como Treinar O Seu Dragão 3 capricha em seu espetáculo visual e épico para nos passar uma plausível mensagem sobre convivência.

Com detalhes impressionantes na animação e na imaginação para criar tal universo fantástico e colorido, o terceiro filme da série dirigido por Dean DeBlois contenta-se com o que bem tem em mãos para entregar um desfecho coerente e sem os mesmos exageros pelos quais outras franquias do estúdio (lê-se: Shrek e Madagascar) passaram em seus devidos capítulos finais, priorizando aqui o respeito ao vínculo que o público que cresceu junto com os personagens desenvolveu ao longo desse tempo.

(© Universal Pictures / Divulgação)

Agora, pesam nos ombros de Soluço a responsabilidade de chefiar Berk que, por sua vez, se aperta (e tanto!) com o acúmulo de dragões resgatados e de todos os portes possíveis, a pressão por um casamento com Astrid, a suspeita chegada de uma parceira para Banguela e a ameaça de um meticuloso caçador de dragões que coloca o lar de todos em risco.

Bastante equilibrado no cômico, no drama e na ação que sobrevoam a jornada de Banguela, ainda assim, o longa tem suas leves fraquezas. Se antes havia um misticismo fascinante ao redor de Valka (voz original de Cate Blanchett), agora a mãe de Soluço é relegada a piadinhas envolvendo uma competição forçada entre Melequento e Eret, o personagem dublado originalmente por Kit Harington que parece supérfluo aqui. Até mesmo o vilão Grimmel – de feição fria como a de Terence Stamp, porém com a voz do lendário F. Murray Abraham (O Grande Hotel Budapeste, Amadeus) –, é reduzido a uma motivação banal, ainda que seja compreensível por dar movimento e dilemas ao protagonista em sua ambição de encontrar o Mundo Perdido.

(© Universal Pictures / Divulgação)

Ao salientar o fato de que a coexistência entre seres não se dá apenas por questões de ceder espaço, mas também pelo respeito, os espectadores devem encontrar em Como Treinar O Seu Dragão 3 (How To Train Your Dragon 3) uma aventura novamente amistosa cujos bons momentos serão refletidos entre sorrisos e até um comovente choro de satisfação.



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