quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

UNCHARTED: FORA DO MAPA – dentro da coerência do jogo | CRÍTICA


No que compete ao gênero de aventura, uma coisa é inegável: deve-se suspender a descrença mediante as exposições fantásticas em tela cujas resoluções e conflitos extrapolam qualquer lei física entrementes a personagens de etnias geralmente estereotipadas. Nos games, a série Uncharted tomou o absurdo a seu favor para criar uma narrativa de quebras-cabeças e ação intensa na busca de artefatos em plena contemporaneidade não menos isenta dos perigos das clássicas armadilhas de outrora. Em sua estreia no cinema, a aventura agora protagonizada por Tom Holland faz o suficiente para uma experiência muito divertida.


A temática, por sinal, já é uma velha amiga de Tom: ainda pré-adolescente, encarou tsunamis no filme-catástrofe O Impossível, passou por maus bocados à deriva com No Coração do Mar e se embrenhou pela selva amazônica no introspectivo, porém belo, Z: Cidade Perdida. Rapaz de milhões da Sony (especialmente agora mediante o fenômeno de Homem Aranha: Sem Volta Para Casa), há quem reclame da onipresença do ator em quase todas as produções de destaque nos últimos anos e, mesmo sob o peso de gamers exigentes na cobrança de um ator completamente idêntico ao protagonista, é evidente que o ator concede a sua desenvoltura física e carisma para que Nathan Drake funcione no cinema. Além disso, está em ótima companhia de Mark Wahlberg e Antonio Banderas, as típicas viagens entre continentes estão mais do que garantidas e a caça ao tesouro é compensatória. Então, o que pode dar errado?

(© Sony Pictures/Divulgação)

Com um pouco mais de personalidade do que Tomb Raider: A Origem, a direção de Ruben Fleischer (Venom, Zumbilândia) a partir do roteiro de Rafe Lee Judkins (série A Roda do Tempo), Art Marcum (Homem de Ferro) & Matt Holloway (MIB: Homens de Preto - Internacional) aposta e acerta no humor extraído da dinâmica da desconfiança tão comum em seus filmes, ainda mais agora com a promessa de enormes quantias de ouro que mexe com qualquer um. É provável que as sequências de aventura por Barcelona seja a melhor passagem do longa, ainda mais quando a adesão aos efeitos práticos e a curiosidade eterna sobre relíquias do passado sejam um ótimo chamariz – e até uma reverência (pouco argumentada, porém) a Indiana Jones além das cartelas de transição com aviões cruzando linhas no mapa. 


(© Sony Pictures/Divulgação)

O estilo do game em dispor uma cadência de obstáculos imprevisíveis (até mesmo em escala) também marca a presença aqui dado por planos longos e uma boa operação de câmera, muito embora a artificialidade dos cenários e até mesmo a performance do elenco sem lá muita gravidade não fornece o mesmo impacto do que, por exemplo ver Nate e Chloe (Sophia Ali) quase se afogando. A emblemática fuga do avião transposta do jogo tem lá sua criatividade cômica e uma escala de perigo, apesar de minimizada logo num flash-forward inicial e pelo fato de que Tom Cruise já impressionara com feitos semelhantes e veridicamente arriscados na segunda trilogia de Missão: Impossível. Some isso ao fato de Ramin Djawadi entregar uma trilha sonora totalmente genérica e que pouco agrega à narrativa, logo quando nos entregou temas fascinantes em Eternos Game Of Thrones.


Personagem de Antonio Banderas persegue tesouro que alega pertencer ao nome de sua família.
(© Sony Pictures/Divulgação)

De qualquer forma, ainda mais quando adaptações de games costumam não ter consistência com seu tom original, Uncharted: Fora do Mapa é um acerto e tanto nesse aspecto, ainda mais se isso levar a uma válida redescoberta aos jogos do PlayStation. As suas cenas entre créditos atiçam para o futuro, mas o dilema é uma constante: abraçar o ouro garantido estando consciente de seus clichês ou se arriscar e, de qualquer forma, sair no lucro?  



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