quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Moonfall | CRÍTICA


Poucos diretores são tão "autorais" quanto Roland Emmerich, ao ponto de soar monotemático em cada novo filme. Ele já entregou algumas obras divertidas, como seu maior sucesso, Independence Day, ou o bom passatempo O dia depois de amanhã, porém, a maioria de sua filmografia é repleta de bobagens (vide 2012) e bombas como Godzilla (1998) ou 10.000 a.C.. Portanto, as expectativas de qualquer novo filme do diretor alemão são bem baixas.

A diferença de Moonfall para um filme blockbuster comum é sua produção, que arrecadou US$ 150 milhões sem nenhum grande estúdio por trás, o que faz termos uma empatia inicial com a obra.
O filme conta a história de uma pequena mudança na órbita da lua, onde nosso satélite natural com o tempo irá colidir com a Terra. A descoberta feita por KC Houseman (John-Bradley West) chama a atenção da diretora em exercício da Nasa, Jo Fowler (Halle Barry), que agora irá precisar da ajuda do astronauta renegado Brian Harper (Patrick Wilson) para poder tentar recolocar a lua em seu lugar e derrotar uma força maligna que pode estar por trás dessas mudanças.
 
A premissa em si não é ruim, mas o problema está em seu desenvolvimento, que reúne erros de roteiro e de direção e acabam desperdiçando uma boa ficção científica para ganhar um filme de catástrofe genérico. Ao investir em um núcleo terreno, em paralelo ao trio de protagonistas, o filme gasta tempo demais mostrando personagens que você não dá a mínima importância e que se morrerem não farão a menor diferença. O segundo ato demora para engajar qualquer coisa que tenta e no fim não entrega nem grandes momentos de destruição dos cartões postais do mundo.
 
Divulgação (© Diamond Films)

 
As relações dos personagens são frias e aumentam de importância apenas quando convém. O astronauta de Patrick Wilson passa de pai alcoólatra ausente para um homem disposto a pedir perdão presidencial ao filho, isso só para ficar no básico e não dar spoiler. O roteiro ainda flerta com algo perigoso nos dias atuais, onde coloca um doutor em pseudociência conspiracionista como mais inteligente que a Nasa e põe em cheque todos os cientistas de verdade do planeta. Discursos assim são perigosos no tempo que vivemos.
 
Mas, então, Moonfall é um lixo completo? Não, existem coisas legais aqui, como o design de produção das viagens espaciais e algumas cenas muito bem feitas no terceiro ato. O que me traz mais empatia e até uma espécie de torcida para o filme é o fato de ser um projeto independente que não deve em nada para os maiores blockbusters dos grandes estúdios. Tomara que esse filme seja um case de sucesso para que tenhamos mais projetos semelhantes.
 
Não que Moonfall seja execrável, mas peca em erros que cansam de ser repetidos por todos os outros filmes da carreira do diretor, esse poderia não ser só mais um, porque a premissa é boa, diferente de coisas injustificáveis já feitas anteriormente.
 
A sensação, no fim, é de que se fossem meia hora a menos de filme, ele seria muito menos quebrado e muito menos inchado, mas Roland Emmerich não é o tipo de diretor que preza por minimalismo e controle em suas obras.

 
 
 

 

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