quinta-feira, 27 de novembro de 2025

MORRA, AMOR – repulsa ao tédio | CRÍTICA

 

Se tem Lynne Ramsay (Precisamos Falar Sobre O Kevin) na direção, é muito provável que passaremos algumas horas imersos em um drama psicológico que não pega leve tanto com protagonista quanto espectadores. No caso clínico da vez, Morra, Amor traz a depressão pós-parto em pauta e uma Jennifer Lawrence extremamente disposta em seu desafio de representação.


Ao adaptar o livro escrito por Ariana Harwicz em conjunto com a roteirista Alice Birch, Ramsay mostra que as sequelas da maternidade não compreendem apenas as responsabilidades de uma mãe, muito que causadas por expectativas familiares e/ou da sociedade em geral, mas será que o apetite sexual deve ser podado mediante a chegada de uma criança ou, mais precisamente, por que ser uma pessoa sexualmente ativa leva ao senso comum de ser um caso patológico?


Die My Love (no original) é um filme que bem se apropria de recursos cinematográficos para tornar essa história desconfortável e propositalmente entediante, refletindo o estado de espírito de Grace (Lawrence) em meio a suposta apatia carnal crescente de seu companheiro, Jackson (Robert Pattinson). O aspecto de tela mais restrito confere uma certa claustrofobia por mais que muitas cenas sejam externas, além das cenas rodadas em filtro noite americana e um bom design de som que torna a experiência agonizante em que cada som importa, remetendo ao tédio doméstico de O Pântano. Choros de bebê e latidos de cachorro nunca foram tão irritantes quanto agora!


Notas exageradas na atuação à parte, mas que, ainda assim, mostram que Jennifer Lawrence não foi apenas um rostinho efêmero na década passada e desgastado por franquias, Morra, Amor é provocante em seu caso sintomático e que aponta até para gerações anteriores (destaques para Nick Nolte e Sissy Spacek aqui). Com certeza, um dos filmes a ser muito falado nas próximas aulas de Psicologia por aí afora.


Assista ao trailer:



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