segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Um Espião Animal | CRÍTICA


Os melhores filmes de espionagem costumam esbanjar elegância de sobra alinhada a uma exímia desenvoltura física e intelectual de seus protagonistas, mas são raras as vezes em que vemos agentes secretos ponderando sua conduta e demais métodos (ocasionalmente violentos) quando se trata de salvar o mundo. Determinado a provar que é possível conter inimigos sem forças letais, Um Espião Animal também não se esquece de alegrar o público com boas doses de alívio cômico e com os inusitados apetrechos que tanto fazem a graça do gênero.

Dirigido pela dupla Troy Quane e Nick Bruno com roteiro inspirado no curta animado Pigeon: Impossible, a trama se espelha nos motivos que andam em voga nos últimos longas das séries 007 e Missão: Impossível ao colocar o galante e habilidoso agente Lance Sterling (Will Smith / Lázaro Ramos) em busca de um aparato que, nas mãos erradas, pode comprometer as identidades e vidas de muitos agentes ao redor do mundo. Combalido de apoio uma vez que fora misteriosamente acusado de traição, Sterling se vê forçado a contar com o jovem gênio Walter Beckett (Tom Holland) e suas invenções excêntricas a fim de se tornar invisível, mas a experiência não sai bem do jeito que o agente, no alto de sua arrogância, esperava sumir.

(© 20th Century Fox/Divulgação)

Repleto de ação que beira a uma violência gráfica moderada e efeitos que comprovam os constantes empenhos da Blue Sky Studios em criar um visual realista, mas ainda cartunesco como se deve, Um Espião Animal demora a arrancar risadas, mas, quando o faz, chega a não ter hora para cessar. Seja num luxuoso hotel no México ou pelas vias de Veneza, a comédia pastelão vem à tona e muito que na forma animal sem deixar de apresentar piadinhas inteligentes, como uma simulação de pular em blocos e agarrar barras tal como em games antigos ou ainda uma praça repleta de pombos, o que ajuda a confundir o vilão, dublado originalmente por Ben Mendelsohn.

(© 20th Century Fox/Divulgação)

Artistas ilustres como Rachel Broshanan, Rashina Jones, Karen Gillan, DJ Khaled e Masi Oka integram o elenco de vozes originais do longa que, por aqui, tambén contou com a voz de Taís Araújo no papel da caxias agente Marcy. A produção musical de Mark Ronson (oscarizado por Nasce Uma Estrela) dá um charme jazzístico para o filme, mas são as mensagens finais de Um Espião Animal (Spies in Disguise, no original), muito que endossadas por uma curiosa e bem-vinda entrelinha, que reforçam a ideia de que as aparências impostas não determinam quem você é e que utilizar a criatividade para o bem ainda é o melhor caminho para vencer em conjunto.



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