"O Jardim Romano é uma bosta". É dessa forma humorada, sem hesitação, que uma menina define o bairro onde mora na periferia de São Paulo e talvez um dos mais afetados pelas enchentes às margens do Rio Tietê, fato que rendeu manchetes na mídia impressa e televisiva ano a ano. Ao contrário do esperado e sem se aproveitar da condição de suas personagens reais, o documentário Estopô Balaio vai além dos meros apontamentos das mazelas socioeconômicas que tanto (e ainda) se refletem em diversas regiões do país, apresentando um ilustre registro das faces que lá habitam e também da capacidade de um resistente e jovem grupo em sobrepor as dificuldades enfrentadas com o melhor que a arte pode lhes oferecer.
As imagens iniciais são deprimentes, mas tão logo somos apresentados a uma seleção de moradores que expõem, munidos de filmagens caseiras, as consequências das enchentes que tanto os afetam numa rotina de enfrentar correntezas para entrar em casa, levantar móveis e concretar barricadas nas portas dos banheiros. Onde se esperaria vozes embargadas pelo choro, cada morador expõe seus incidentes particulares com um tom de conformação, sem intenção de culpar políticos específicos ou seja lá de quem for realmente a culpa. Risonha, uma das entrevistadas chega até a comenta e mostrar sobre o caso de ganhar um pouco de fama por ter aparecido na foto de capa de um dos grandes jornais. Um acerto preciso do diretor Cristiano Burlan ao focar nas conversas cada vez mais descontraídas com as pessoas ao passo em que sua câmera busca as cores entre as construções cinzentas e desbotadas.
Cores que, por sinal, são um dos motes do coletivo criado por João Junior e que dá nome ao longa-metragem. Oriundo do Rio Grande do Norte, João não só encontrou conterrâneos na comunidade, mas uma chance de fazer a arte tomar conta das mesmas ruas que ficaram imersas por três meses em 2010 e que agora são preenchidas com poesias, canções e danças a cada esquina, tornando todo o Jardim Romano em lugar mais receptivo. Tornando-se um musical crescente ressaltado pela filmagem que mescla o amadorismo dos smartphones com a câmera saliente do diretor, o documentário não se esquece de registrar as peças teatrais arranjadas pela trupe, todas com caráter biográfico e que transpõem a imediata conexão entre público e artista.
Da própria vizinhança para a vastidão da Internet com um canal no YouTube, o Coletivo Estopô Balaio cresce e surpreende com sua irreverência ao enxergar os dramas da vida real com uma perspectiva que foge daquilo que os programas sensacionalistas costumam abordar a periferia paulistana. Perspectiva diferenciada que se vê também na boa direção de Furlan ao apresentar um registro honesto, empático e informativo o suficiente com o que tem em mãos, logo quando tantos outros documentários similares se revelam como nada mais do que uma angustiante enxurrada partidária.
As imagens iniciais são deprimentes, mas tão logo somos apresentados a uma seleção de moradores que expõem, munidos de filmagens caseiras, as consequências das enchentes que tanto os afetam numa rotina de enfrentar correntezas para entrar em casa, levantar móveis e concretar barricadas nas portas dos banheiros. Onde se esperaria vozes embargadas pelo choro, cada morador expõe seus incidentes particulares com um tom de conformação, sem intenção de culpar políticos específicos ou seja lá de quem for realmente a culpa. Risonha, uma das entrevistadas chega até a comenta e mostrar sobre o caso de ganhar um pouco de fama por ter aparecido na foto de capa de um dos grandes jornais. Um acerto preciso do diretor Cristiano Burlan ao focar nas conversas cada vez mais descontraídas com as pessoas ao passo em que sua câmera busca as cores entre as construções cinzentas e desbotadas.
Cores que, por sinal, são um dos motes do coletivo criado por João Junior e que dá nome ao longa-metragem. Oriundo do Rio Grande do Norte, João não só encontrou conterrâneos na comunidade, mas uma chance de fazer a arte tomar conta das mesmas ruas que ficaram imersas por três meses em 2010 e que agora são preenchidas com poesias, canções e danças a cada esquina, tornando todo o Jardim Romano em lugar mais receptivo. Tornando-se um musical crescente ressaltado pela filmagem que mescla o amadorismo dos smartphones com a câmera saliente do diretor, o documentário não se esquece de registrar as peças teatrais arranjadas pela trupe, todas com caráter biográfico e que transpõem a imediata conexão entre público e artista.
Da própria vizinhança para a vastidão da Internet com um canal no YouTube, o Coletivo Estopô Balaio cresce e surpreende com sua irreverência ao enxergar os dramas da vida real com uma perspectiva que foge daquilo que os programas sensacionalistas costumam abordar a periferia paulistana. Perspectiva diferenciada que se vê também na boa direção de Furlan ao apresentar um registro honesto, empático e informativo o suficiente com o que tem em mãos, logo quando tantos outros documentários similares se revelam como nada mais do que uma angustiante enxurrada partidária.
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