Perto da trajetória de três adoráveis irmãs órfãs em conquistar a amarga figura de seu pai adotivo, a história central de um vilão redimido de Meu Malvado Favorito quase se ofuscava. Tudo porque os diretores Pierre Coffin e Chris Renaud criaram também uma centena de pequenos e arteiros assistentes amarelos para ajudar Gru em suas vilanias, e como eles chamaram a atenção! Com seu engraçado dialeto poliglota e a tendência à traquinagem, os Minions tomaram conta e foram a verdadeira graça dos dois filmes. E é neste prelúdio que as animadas criaturinhas podem finalmente ser protagonistas de suas próprias e boas aventuras.
Se até então os Minions pareciam ser criações do Gru (Steve Carrell), descobrimos agora que há milhões de anos a enorme família amarela vagou pelo mundo atrás de um ser poderoso a quem eles pudessem chamar (carinhosamente) de chefe, desde um tiranossauro rex a conhecidas figuras mitológicas e históricas em seus determinados períodos, sempre com atrapalhados fins. No congelante exílio, entediados por ficar sem praticar o mal (além da falta de banana), o minion Kevin tem a ideia de sair à procura de um novo chefe a quem servir, mas seus colegas estão pouco esperançosos e sobra para o dorminhoco Stuart e o "tampinha" Bob. A viagem é longa, à beira do delírio, e quando o trio chega à Nova York no lisérgico ano de 1968, eis que a América, de praxe, vai ajudá-los a concretizar seu sonho.
É numa convenção de vilões que os Minions vão atrás de sua possível nova musa vilanesca, a femme fatale Scarlet Overkill (Sandra Bullock/ Adriana Esteves), a bandida mais cultuada e imbatível de seu tempo. Claro que já deduzimos quem vai tirar esse título de Scarlett, mas até lá, o que vem são muitas e boas cenas de ação com toda a comédia-pastelão típica dos outros dois filmes. Para concretizar os planos da vilã, e sagrando o subgênero de espionagem (afinal, os Minions estão na Inglaterra!), o trio recebe de Herb (John Hamm/ Vladimir Brichta) bugigangas poderosas que vão ser de grande utilidade na hora de provarem sua competência na missão que coloca até mesmo a Rainha Elizabeth II em apuros. Mas a realeza é pop e se mostra valentona quando necessário, especialmente quando a missão de Kevin, Stuart e Bob fica ainda mais complicada, com todas as chances de mudar o jogo – ou piorar de vez.
Diferente de seus antecessores, onde os Minions pareciam ter uma personalidade única, agora boa parte deles tem suas características distintas. Isso, obviamente, não significa que cada um vai ter mentes complexas; muito pelo contrário, cada simples ação já é o suficiente para mostrar suas qualidades, desde o heroísmo de Kevin ao desatento Stuart, que só quer saber de tocar seu ukulele, tem ainda os Minions que adoram vestir roupas diferentes das habituais da família. E se a pequena Agnes lotava de fofura os primeiros filmes, essa cota agora é bem preenchida pelo Bob, todo amoroso e que não perde de vista seu ursinho de pelúcia e, claro, seus irmãos.
E quanto a estimada dublagem brasileira? Adriana Esteves está ótima como Scarlet Overkill, procurando colocar uma rouquidão na voz para enfatizar os planos maquiavélicos da personagem, sem esquecer de um toque de sensualidade, mas é o marido Vladimir Brichta que soa bem deslocado. Ainda que Herb seja um cientista louco, a impostação do ator parece carregada de maneirismos, mal podendo reconhecer a sua habitual fala rápida, que cairia bem melhor ao rapaz.
Com um bom uso do 3D, Minions nos leva a uma aventura que sempre envolve alguma explosão no meio do caminho e, dessa vez, seu roteiro é mais focado e ainda traz ótimas referências à época do "paz e amor", ora descaradas oras mais discretas, em segundo plano, caprichadas pela cuidadosa direção de arte. Contudo, se Overkill parecia figurar como uma autêntica super vilã, chega a ser decepcionante ver que tamanha ira culmine em uma histeria superficial e um plano meramente infantil. Pelo visto, o que predomina aqui é o clássico "como e onde tudo começou", mas não é de todo mal. O que importa é que, entre a cada bem-vindo número musical dos Minions, o importante é estar em família e se divertindo, mesmo prevalecendo as travessuras nem sempre corretas.
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