quarta-feira, 3 de junho de 2015

A Espiã Que Sabia de Menos | CRÍTICA


Em seus filmes anteriores, Melissa McCarthy provou que sabe mandar bem na comédia, mostrando que não é preciso ter um corpo bem definido pra mandar bem na ação. Com A Espiã Que Sabia De Menos (Spy), o diretor Paul Feig e McCarthy retomam a parceria para debochar de mais um subgênero do cinema: os filmes de espionagem.

Apesar de o título traduzido sugerir, precocemente, que a protagonista é idiota, diferente dos personagens-título ao qual se remete (O Espião Que Sabia Demais, com Gary Oldman, e O Homem Que Sabia de Menos, com Bill Murray), eis que o filme começa de uma forma bastante distinta. Guiando remotamente o espião Bradley Fine (Jude Law) durante uma missão na Bulgária, Susan Cooper (McCarthy) é quem dá as coordenadas, sentada diante de um computador e assistindo a tudo o que Fine vê por meio de uma lente de contato com a função de câmera. Os cuidados de Susan com Fine são intensos, esbanjando o amor não-compreendido que tanto move a agente presa no escritório tão infestado de roedores. Fine, então, parte para outra missão com o intuito de capturar a poderosa Rayna Boyanov (Rose Byrne), que detém uma ogiva nuclear, mas a tarefa é mal sucedida (até onde se sabe). Ninguém esperava que a aparentemente atrapalhada Susan Cooper teria o melhor perfil para manter a missão ativa, enfurecendo o ultra-convencido Rick Ford (Jason Statham).



Realmente, não dá pra levar a sério A Espiã Que Sabia de Menos, mas há de se tirar proveito disso. Desde os divertidos e pastelões incidentes bolados para as ruas de cada cidade europeia por onde passam, seja na França ou na Bulgária, aos cada vez mais bizarros disfarces e identidades que Susan recebe a cada ponto da missão, Feig consegue encontrar piadinhas bastante atuais para divertir seu público, sem parecer feministas ou machistas demais (algo que a maioria das comédias brasileiras costumam ser nas entrelinhas); há um determinado momento em que Susan e sua melhor amiga Nancy (Miranda Hart), as "feias" do grupo, debocham sem pudor de uma elegante e sensual agente, apenas por puro recalque pelo fato de a moça atrair homens interessantes. Pra piorar, até o barman lhe concede um tratamento diferenciado, ignorando as duas. O personagem de Statham, por sua vez, um assistente não-oficial de Susan, faz questão de citar as inúmeras proezas que já fez em campo, tudo beirando ao absurdo, claro, mas com o intuito de satirizar o tão macho-alfa cinema de espionagem – e inclua nessa lista os diversos personagens (unidimensionais) que o ator já interpretou em sua carreira. 

E quem diria que Rose Byrne faria de sua irritante vilã, uma personagem divertida e carismática? A gente até começa a torcer por ela, mas se lembra que ela pode cometer alguma maldade ainda no caminho. Isso, de alguma forma, ameniza a atmosfera do filme, todas as perseguições sempre têm um cunho cômico, embora o cunho sexual esteja sempre presente.



O que poderia ser um filme completamente escrachado, criando um conflito igualmente fora do comum, Paul Feig ainda tenta inserir um toque de gravidade na trama, o que passa a ficar desinteressante. Melissa McCarthy, por sorte, cumpre bem sua missão em proporcionar boas risadas, mesmo que seu físico seja a causa do alívio cômico, mas o que prevalece mesmo é sua personalidade durona. Resta esperar, no entanto, se a atriz entrará para o time dos mestres das paródias no cinema, e não ficar subordinada a este tipo de filme que facilmente desinteressa o público.




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