quarta-feira, 1 de julho de 2015

Belas e Perseguidas | CRÍTICA


Pegando carona na série de comédias policiais ancoradas por Melissa McCarthy, chegou a vez de Reese Witherspoon vestir um uniforme, pregar um distintivo na camisa, quebrar as barreiras do machismo e sair às ruas dos Texas em nome da Lei. A jornada dessa tira baixinha, no entanto, seria um dilema levemente divertido entre a quebra de condições (auto) impostas às mulheres e o apego a desenlaces convencionais.

Cooper (Witherspoon) cresceu passando vários momentos da sua vida no banco de trás da viatura de seu pai, também policial, levando a honestidade a sério. Sem a figura paterna, Cooper é oprimida por seus colegas na delegacia, cabendo a ela cuidar do almoxarifado na delegacia após um atrapalhado incidente. A chance de voltar a campo é dada a ela quando solicitam uma oficial mulher para proteger uma testemunha, a sensual Daniella Riva (Sofía Vergara), que vai depor contra o maior traficante da região, acusado de centenas de assassinatos. A operação de resgate das testemunhas não vai bem como esperado, afinal, o marido de Daniella não é nem um santo, e agora Cooper tem que aturar a enjoada rica em fuga pelas estradas do Texas. Como sempre, entre conversas insuportáveis, reforçadas pelo meloso sotaque clichê latino de Vergara e com a ríspida e fininha voz de Witherspoon, as duas cedo ou tarde vão se entender e quebrar (com parcimônia) um ou outro tabu.


Vindo de uma produção e direção predominantemente feminina, é plausível o fato de querer focar o girl power a todo momento, colocando Cooper e Riva em situações onde ideais do feminismo devem vir à tona. As melhores cenas do filme, de fato, são aquelas onde a comédia pastelão toma conta, seja pelos disfarces que Cooper passa a vestir ou pelas breves consequências da batida sofrida pelo Cadillac usado na fuga. Fora isso, é uma série de incidentes já vistos em outros filmes do gênero, bem ao estilo do clássico Tá Todo Mundo Louco!. Mas o roteiro da dupla David Feeney e John Quaintance entende que, mesmo escrava do consumismo, os ideais feministas "encarnados" na personagem de Vergara se resumem apenas a vestir roupas decotadas e que caiam bem no corpo, além de poder falar de sexo sem pudores.


No entanto, causas mais importantes ao feminismo passam batidas (se é que havia intenção de abordar isso) em Belas e Perseguidas (Hot Pursuit). Mesmo quando a policial de Witherspoon conta que seus relacionamentos foram mal sucedidos, passando a indicar um affair com sua protegida colombiana, a heteronormatividade predomina quando Robert Kazinsky aparece de súbito para criar o tradicional interesse romântico. Bem no fim, parece que ser uma mulher independente é nada menos do que ter a liberdade na decisão de calçar salto alto.

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