quarta-feira, 10 de junho de 2015

Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros | CRÍTICA


Demorou mais de uma década para que a Ilha Nublar fosse ocupada novamente, tanto por humanos como pelas criaturas que há milhões de anos passaram por aqui. O retorno ao "parque dos dinossauros", desta vez, precisava ser mais grandioso, mais letal. Tudo para agradar um público que, alega-se, estava cansado dos mesmos dinossauros. Um desafio que os geneticistas dentro de Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros conseguiram bater, mas assim como os realizadores do novo filme, não sabem de fato com o que estão lidando.  

Sem delongas, o que atrapalha no filme dirigido por Colin Trevorrow, com produção executiva de Steven Spielberg, é o excesso de subtramas melodramáticas. Primeiro, os pais de Gray (Ty Simpkins) e Zach (Nick Robinson) estão prestes a se divorciar e, para isso, mandam seus filhos para passar um tempo com a tia Claire (Bryce Dallas Howard), nada mais que a supervisora do Jurassic World que lhes garante acesso VIP. Um pré-adolescente super empolgado com os dinossauros, um irmão mais velho interessado nas meninas das filas. Enquanto isso, Claire precisa lidar com o pedido do empreendedor do parque, o Sr. Masrani (Irrfan Khan), uma espécime híbrida encomendada especialmente para ser mais aterrorizadora, cria do Dr. Wu (BD Wong). O treinador de velociraptors, Owen (Chris Pratt) precisa aturar os interesses militares de Hoskins (Vincent D'Onofrio), capacho da InGen, louco para colocar um raptor em campo de batalha. Claire, pressionada por Masrani, desconfia das condições de segurança que privam a nova indomitus rex do contato com outros dinossauros, vai atrás de Owen, passando por cima do fiasco que foi o primeiro encontro dos dois. 

Lá no parque, Gray chora pela família e Zach tenta ser valentão, a administração do parque mede seus esforços para evitar a catástrofe que está por vir. Para quem esperava entretenimento logo de cara, terá que se conformar com essa contextualização dramática pouco relevante e cansativa. Pelo menos, o fascínio de outrora vem à tona graças às muitas cenas rodadas nas locações originais, a emoção e nostalgia tomam conta quando as trilhas clássicas de John Williams são tocadas, agora incrementadas com os toques, um pouco mais sombrios, de Michael Giacchino.


Assumindo o estabelecimento como um parque temático cheio de grandes patrocinadores e com tecnologia altamente sofisticada, é muito divertido ver as novidades propostas para todas as idades, seja o passeio para crianças montadas em tricerátops filhotes, o show aquático do colossal mosassauro e as curiosas girosferas. A preocupação em trazer recursos novos foi tanta que os dinossauros, infelizmente, ficaram em segundo plano. Para nosso contragosto, houve um foco reduzido nos animais jurássicos e cretáceos, ainda que estejam presentes lá. As sequências de Owen controlando os traiçoeiros velociraptors são incríveis e, embora os quatro roteiristas construíram o personagem como um literal macho-alfa, com histórico na Marinha, que não se importa em ficar com camiseta suada e tenta ser dominante perante a mocinha, o bom humor de Chris Pratt ameniza isso e torna o personagem carismático e aventureiro, vide a empolgante cena noturna em que o quinteto dos raptors tem a chance de mostrar se o treinamento foi eficiente. Uma pena que o colega de Owen, vivido pelo competente Omar Sy, tenha pouco a fazer – a menos que a produção pretenda lançá-lo numa possível continuação.


Se havia algo que os fãs da série temiam, era a qualidade dos efeitos visuais. Até então, era difícil listar dinossauros tão bem feitos digitalmente depois de Jurassic Park, ainda em 1993. Dragões caíram no gosto popular e Smaug, de O Hobbit, foi o ápice de uma composição reptiliana aperfeiçoada. Os dinossauros de Jurassic World, felizmente, estão igualmente bem detalhados, principalmente o indomitus rex com suas escamas albinas, garras e muitos dentes dos mui afiados. E ainda tem um pouco de animatronics que ajudam bem mais os atores em cena. São as locações digitais mesmo, como nas tomadas aéreas, que quebram um pouco do encanto, ficando perceptível o uso de chroma key.


Em tempos onde Mad Max: Estrada da Fúria surpreende por trazer ótimas sequências de ação com um roteiro enxuto, sem lorotas, sem esse timing irregular causado pela predileção ao elenco conhecido e alívios cômicos, contrariando a premissa do filme, o que cansa em Jurassic World não são os dinossauros de sempre. Muito pelo contrário, é a sua insistência em repetir cenas de predadores devorando pessoas de supetão, pteranodontes escapando e personagens pra lá de estereotipados, sem esquecer de suas vidas curtas, que comprometem este saudoso programa de entretenimento. 

Enquanto houver dinossauros, a gente se deslumbra, pesquisa seus nomes, lembra dos brinquedos de infância, enfim, fica querendo mais! É com um saldo de vibração que o imprevisível clímax traz esse show de dinossauros numa batalha feroz, uma energia que deveria estar presente durante todo o filme. Mas lembrem-se: caso estiverem em apuros, bastam procurar o parque original, agora entranhado nas matas, que tem muita coisa boa que pode vir a salvar o dia. 




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