Ainda que tenha uma corrente maligna persistente em desdenhar qualquer incentivo à cultura, o exercício artístico segue comprovando o seu poder de transformação – e isso que nem estou falando sobre a experiência do meu filme Outros Abrigos. Mais do que um compartilhamento de um estudo de caso eficaz, Sing Sing é um retrato híbrido não intromissivo do que a arte pode contribuir ao cárcere.
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(© Diamond Films/Divulgação) |
Protagonizado pelo carismático Colman Domingo a partir do roteiro co-escrito pelo diretor Greg Kwedar e do roteirista Clint Bentley a partir de relatos de ex-detentos e no livro "The Sing Sing Follies", o filme convida para um olhar tolerante e receptivo às histórias reais de Clarence "Divine Eye" Maclin e entre tantos outros que interpretam a si mesmos nesta narrativa, além da participação de Paul Raci (O Som do Silêncio) como educador. Apesar de um relativo estranhamento, de uma certa falta de empatia inicial além da força do protagonista (desde sempre, um entusiasta da artes, a julgar o emaranhado de escritos e livros em sua cela), é curioso como os roteiristas decidem omitir as causas pelas quais cada detento está ali e, quando torna a revelar o suposto crime cometido por Divine G (Domingo), é para potencializar o conflito do segundo ato – e também das complexidades falhas do sistema penitenciário estadunidense.
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(© Diamond Films/Divulgação) |
Todavia longe de ser um longa que convida a ver repetidas vezes, ainda mais por algumas passagens muito tristes, Sing Sing é um filme que convida a reflexões cuja abordagem honesta o distancia da possibilidade de apenas ser mais um Oscar-bait inesquecível. De sua relativa criatividade de abordagem, o filme reitera como é importante e que vale a pena tentar ser artista.
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