Existem coisas na vida que hesitamos em prosseguir por algum trauma que apenas parecia sepultado no passado, bem como deixamos outras coisas acontecerem pelo simples fato de não querer se lotar de outros problemas além daqueles que nos são particulares. Visando amplitude sem lá muito tato, Pequenas Coisas Como Estas é falho em seu diálogo e em sua exposição sobre traumas nem sempre internos.
É improvável que Pequenas Coisas Como Estas queira ser um filme-conforto típico de Natal ainda mais quando se trata de um retrato sobre frustrações. Melancólico e monocórdico, mesmo com flashbackas, a narrativa resgata a tristeza infantil de não receber o presente desejado, da falta do afeto materno e, consequentemente, toda uma questão sobre desamparo familiar que surge nas entrelinhas sem trazer outros pontos de vista e, por mais que traga cenas tristes como aquela do menino pobre se esgueirando para tomar leite numa tigela para animais ou das meninas castigadas no convento (como vem a ser a trama supostamente principal da narrativa), este não é um filme em que os personagens arregaçam as mangas para grandes gestos.
Mais cansativo do que ver O Brutalista por duas vezes seguidas, Pequenas Coisas Como Estas demonstra um outro lado da expressão "a felicidade não se compra", mas com um conformismo entediante que faz a jornada vista parecer irrelevante mesmo para a causa que pouco desenvolveu – isso que tinha o livro homônimo escrito por Claire Keegan em mãos.
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