quinta-feira, 24 de julho de 2025

QUARTETO FANTÁSTICO: PRIMEIROS PASSOS – grandioso de imediato | CRÍTICA


 

O retorno do Quarteto Fantástico aos cinemas é um feito, pra começar, maravilhoso de se ver. O que antes parecia um perigo imediato quando o projeto estava nas mãos do insosso Jon Watts (que conduziu a última trilogia Homem-Aranha do Tom Holland, além da chatinha série Star Wars: Skeleton Crew), a versão MCU da família de super-heróis mais querida da Marvel encontra-se agora em mais do que boas mãos, mas com o melhor elenco e um diretor entusiasmado inseridos em uma trama com grandes responsabilidades de entregar, em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, a sua melhor apresentação.


Em uma fase em que seu multiverso cinematográfico demonstra claros sinais de fadiga (vide a ânsia de entregar com urgência mais conteúdos para alimentar o catálogo do Disney+ do que por uma mera incerteza ou relaxo), é evidente o cuidado com que o Marvel Studios dá ao filme o caminho certo ao se desprender da dependência do espectador em assistir a mais de 30 filmes e séries para se situar em todo o contexto, investindo também na charmosa roupagem retrofuturista como um diferencial estético. Mesmo com um estilo meio obsoleto e gente com penteados e roupas típicas dos anos 1960, é divertido ver como o Sr. Fantástico/Reed Richards de Pedro Pascal (de carisma expansivo) tece inúmeros teoremas e os aplica com agilidade para resolver viagens interestelares, os vestidos e penteados de Sue Storm/Mulher Invisível (Vanessa Kirby), o estilo galante de Johnny Storm (Joseph Quinn) batendo de frente com estrelas da época como Paul Newman e até as vezes em que Ben Grimm/O Coisa (Ebon Moss-Bachrach) caminha pelas ruas de uma Nova York a la Os Jetsons, há uma saudosismo que é bonito de se ver, ainda mais quando bem texturizado pela fotografia de Jess Hall (WandaVision).


Pedro Pascal em QUARTETO FANTÁSTICO: PRIMEIROS PASSOS
(© Marvel/Reprodução)


É curioso perceber como tudo no filme é acalentador e há uma verdadeira sensação de pertencimento aqui. O afeto e a dinâmica da família Richards-Storm-Grimm são transmitidos desde os primeiros minutos da projeção, alocando-nos junto entre as conversas na hora da janta ou resolvendo enigmas no laboratório e, se mais uma introdução sobre a origem dos poderes soaria redundante, o roteiro faz com que tal breve e sucinta apresentação seja feita de uma forma inteligente. 


Ebon Moss-Bachrach como O Coisa em QUARTETO FANTÁSTICO: PRIMEIROS PASSOS
(© Marvel/Reprodução)


Em uma Terra em que o valor a ciência e a cultura parecem ser prioridades, um resumo dos "primeiros anos" dos heróis são apresentados como um documentário rodado em película Super 8, trazendo ainda embates com os primeiros vilões entre outras demonstrações de suas habilidades adquiridas no espaço – um caminho até que similar ao praticado por James Gunn em Superman, mas tem mais sagacidade dramática aqui. De fato, tudo se encaminha para uma narrativa com protagonistas, ambientações e ritmo muito agradável de se acompanhar e torcer.


Julia Garner como Shalla-Bal em QUARTETO FANTÁSTICO: PRIMEIROS PASSOS
(© Marvel/Reprodução)


O filme também esbanja maturidade quando o Quarteto Fantástico ruma a sua escala interestelar, batendo de frente com a Surfista Prateada Shala-Bal (Julia Garner, ótima) e Galactus (Ralph Ineson e a voz mais potente do cinema atual), alçando-se a algo mais do que uma mera sequência de investigação e fuga. A destreza no drama familiar que Shakman desempenhou em episódios de WandaVision retornam aqui de forma até mais urgente entre cenas que precisam ser vistas na maior tela possível tamanho espetáculo grandioso, aliadas à trilha inspiradíssima de Michael Giacchino. Ainda assim, esse sentimento até de seriedade pode ser estranhado pelo público saudoso da versão de 2005, que recebia cargas de alívio cômico a todo instante.


Vanessa Kirby como Sue Storm/Mulher Invisível em QUARTETO FANTÁSTICO: PRIMEIROS PASSOS
(© Marvel/Reprodução)


Se temos, portanto, o que deve ser o filme mais bonito e requintado de toda a história do Marvel Studios, é preciso dizer que, à parte das boas cenas de ação (para mim que faltou um pouco mais de cenas de pancadaria com mais impacto apesar do contraste de escala Quarteto versus Galactus, mas Shakman não é como os irmãos Russo), o longa acaba se prejudicando em sacrificar tempo de qualidade a fim de entregar mais um grande evento do MCU logo para uma "estreia". É verdade que Joseph Quinn nos cativa com facilidade e que o talento de Vanessa Kirby nos dá muito mais do que a melhor versão retratada de sua super-heroína, mas parece faltar algo num todo. 


Mais demonstração de poderes? Mais paixão entre Sue e Reed? Mais tempo para toda a chegada do grande vilão? Só mesmo o destino de assistir outras vezes para sentir o que faltou em neste Quarteto Fantástico, apesar de parecer que está tudo muito bem encaminhado por aqui.




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