O retorno do Quarteto Fantástico aos cinemas é um feito, pra começar, maravilhoso de se ver. O que antes parecia um perigo imediato quando o projeto estava nas mãos do insosso Jon Watts (que conduziu a última trilogia Homem-Aranha do Tom Holland, além da chatinha série Star Wars: Skeleton Crew), a versão MCU da família de super-heróis mais querida da Marvel encontra-se agora em mais do que boas mãos, mas com o melhor elenco e um diretor entusiasmado inseridos em uma trama com grandes responsabilidades de entregar, em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, a sua melhor apresentação.
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(© Marvel/Reprodução) |
É curioso perceber como tudo no filme é acalentador e há uma verdadeira sensação de pertencimento aqui. O afeto e a dinâmica da família Richards-Storm-Grimm são transmitidos desde os primeiros minutos da projeção, alocando-nos junto entre as conversas na hora da janta ou resolvendo enigmas no laboratório e, se mais uma introdução sobre a origem dos poderes soaria redundante, o roteiro faz com que tal breve e sucinta apresentação seja feita de uma forma inteligente.
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(© Marvel/Reprodução) |
Em uma Terra em que o valor a ciência e a cultura parecem ser prioridades, um resumo dos "primeiros anos" dos heróis são apresentados como um documentário rodado em película Super 8, trazendo ainda embates com os primeiros vilões entre outras demonstrações de suas habilidades adquiridas no espaço – um caminho até que similar ao praticado por James Gunn em Superman, mas tem mais sagacidade dramática aqui. De fato, tudo se encaminha para uma narrativa com protagonistas, ambientações e ritmo muito agradável de se acompanhar e torcer.
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(© Marvel/Reprodução) |
O filme também esbanja maturidade quando o Quarteto Fantástico ruma a sua escala interestelar, batendo de frente com a Surfista Prateada Shala-Bal (Julia Garner, ótima) e Galactus (Ralph Ineson e a voz mais potente do cinema atual), alçando-se a algo mais do que uma mera sequência de investigação e fuga. A destreza no drama familiar que Shakman desempenhou em episódios de WandaVision retornam aqui de forma até mais urgente entre cenas que precisam ser vistas na maior tela possível tamanho espetáculo grandioso, aliadas à trilha inspiradíssima de Michael Giacchino. Ainda assim, esse sentimento até de seriedade pode ser estranhado pelo público saudoso da versão de 2005, que recebia cargas de alívio cômico a todo instante.
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(© Marvel/Reprodução) |
Se temos, portanto, o que deve ser o filme mais bonito e requintado de toda a história do Marvel Studios, é preciso dizer que, à parte das boas cenas de ação (para mim que faltou um pouco mais de cenas de pancadaria com mais impacto apesar do contraste de escala Quarteto versus Galactus, mas Shakman não é como os irmãos Russo), o longa acaba se prejudicando em sacrificar tempo de qualidade a fim de entregar mais um grande evento do MCU logo para uma "estreia". É verdade que Joseph Quinn nos cativa com facilidade e que o talento de Vanessa Kirby nos dá muito mais do que a melhor versão retratada de sua super-heroína, mas parece faltar algo num todo.
Mais demonstração de poderes? Mais paixão entre Sue e Reed? Mais tempo para toda a chegada do grande vilão? Só mesmo o destino de assistir outras vezes para sentir o que faltou em neste Quarteto Fantástico, apesar de parecer que está tudo muito bem encaminhado por aqui.
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