terça-feira, 27 de agosto de 2024

LONGLEGS: VÍNCULO MORTAL – profanação do pavor | CRÍTICA

Maika Monroe em LONGLEGS

Muito mais do que o burburinho e marketing envolvendo a caracterização de Nicolas Cage como o vilão de Longlegs, é evidente que o filme dirigido por Osgood "Oz" Perkins busca, com toda a sua estilização, fazer parte da corrente de títulos do gênero que se tornam queridinhos de cinéfilos que veneram qualquer coisa da produtora A24 justamente pelo conjunto estético das narrativas, desconsiderando (ou desconhecendo) toda uma filmografia prévia que muito influenciou cada uma dessas obras. Divagando entre a fita de crime e o terror slasher, o filme se garante em sua atmosfera construtiva do pavor.


Com roteiro escrito por Perkins, a trama situada na Era Clinton traz uma agente do FBI, Lee Harker (Maika Monroe), retomando uma investigação há muito frustrada envolvendo o serial-killer Longlegs (Cage): dizimando famílias, seus crimes nunca deixaram rastros e o maníaco sequer foi avistado alguma vez próximo ao local dos crimes em uma cidade retratada de forma tão melancólica e desolada. De sua aptidão em resolver crimes enigmáticos, Harker descobre ter ligações inconvenientes com o maníaco e suas sinistras pistas satânicas, o que faz crescer um pensamento de que, de alguma forma, ela pode estar envolvida nesses assassinatos …ou será que não?

(Diamond Films/Divulgação)


Parecendo uma mescla de O Silêncio dos Inocentes com o argentino O Mal Que Nos Habita, o longa conta com um trabalho de som muito bom que trata de reverberar o clima inóspito que se intensifica ao longo da narrativa, sem contar nas inserções de imagens poeticamente perturbadoras para reforçar toda a tensão da protagonista diante de seu desafio. Há um bom trabalho na fotografia que praticamente camufla o vilão em contraste com as luzes quentes nas cenas noturnas, mas, ainda assim, algo errado não está certo aqui.

(Diamond Films/Divulgação)

Enfatizando frames bonitos dignos de repostagens pela Internet, Longlegs constrói e constrói sua narrativa para, no fim, não entregar muita coisa. É um pouco frustrante saber que o vilão de Nicolas Cage, mesmo com toda a sua caracterização, não é lá exatamente um sujeito que bota a mão na massa (o que flashbacks dos massacres nas famílias prenunciavam) e, pelo menos pra mim, foi revoltante ver uma investigação criminal que estava indo tão bem culminar em uma bobagem tão besta quanto o terceiro ato de MaXXXine. Envolvente até certo ponto, é muita contemplação para pouco massacre anunciado.




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