sexta-feira, 5 de julho de 2024

MAXXXINE – Mia Goth veio pra ficar | CRÍTICA

Mia Goth e Giancarlo Esposito em MAXXXINE

É fantástico que todo o fervo em torno de MaXXXine fora construído em tão pouco tempo não só pela competência do diretor Ti West em resgatar um estilo de slasher film picante – com X e, posteriormente, com Pearl – encontrando em Mia Goth uma tremenda performance versátil que se adaptaria às exigências desse tipo de horror, mas como a boa notoriedade que o selo da A24 traz com suas produções e o fato de os cinéfilos nas redes terem contribuído no processo de divulgação/recomendação dos filmes logo quando o circuito exibidor não fez a melhor das entregas. Agora, com distribuição da Universal Pictures, o desfecho dessa trilogia se vende como um blockbuster com todo o direito de ser, ainda que não deixe de lado todo o seu teor cult que consagrou a série.


É compreensível que tanto filme quanto personagem almejem tanto a Hollywood dos sonhos, do estrelato …e da sujeira por trás de tudo isso. Situando a narrativa na metade dos anos 1980, período em de franquias populares já deslanchavam com sequências no verão estadunidense, com a cultura pop em constante renovação e também com uma criminalidade em alta andando de mãos dadas com o governo reacionário de Ronald Reagan, MaXXXine, por meio da canetada de Ti West no roteiro, quer se manter no slasher (e o faz muito bem) ao passo em que isso leva a narrativa a ser também uma fita policial (há um serial killer de mulheres nas redondezas e que pode ter ligação com Maxine) e aproveita os cenários e locações emblemáticas ao redor para ser uma obra metalinguística que vai além da cena no Bates Motel de Psicose.


Mia Goth e Halsey em MAXXXINE
(© Universal Pictures/Starmaker Studios LLC/Divulgação)


Estelar também é o elenco de MaXXXine: tem Giancarlo Esposito com peruca, Halsey, Lilly Collins, Bobby Cannavale e Michelle Monaghan retratando detetives policiais (um sonho de carreira?), mas, pra mim, quem abraçou a proposta com gosto foi Kevin Bacon e seu detetive sinistro e inescrupuloso, sustentando uma dinâmica de chantagem acirrada com Maxine de Goth. Cabe à Elizabeth Debicki mandar umas canetadas sobre pertencer e fixar à indústria do cinema – e até seria mais interessante se esse discurso levasse a uma ambiguidade sanguinária que ronda a trama.      


Mia Goth e Elizabeth Debicki em MAXXXINE
(© Universal Pictures/Starmaker Studios LLC/Divulgação)


Nessa sede de ser tanta coisa ao mesmo tempo, nem tudo dá certo, principalmente a revelação do grande vilão que quer explicar mais do que tem direito apesar de todo o rastro e pistas ao redor desde o início. A sequência final descamba para um Tarantino com direito à versículo de Ezequiel e tiros exagerados a ponto de ser algo engraçado de ver ao invés de sustentar o clima de tensão apregoado até cenas anteriores. Nem tudo precisa ser levado com seriedade ou com profundidade e West tem consciência disso.


Se MaXXXine talvez seja o fim da nossa jornada acompanhando Maxine Minx, fato é que o filme é o melhor material que temos de Mia Goth esbanjando ser artista com sua desenvoltura física e verbal a ponto de ser algo hipnotizante de tão bom que é ver isso tudo. A Neta da Atriz Brasileira Maria Gladys já é patrimônio cultural da nossa geração – e, com todo o merecimento, veio pra ficar. 


Assista ao trailer:



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