sexta-feira, 16 de agosto de 2024

TIPOS DE GENTILEZA – tem louco pra tudo | CRÍTICA



Quem diria que Pobres Criaturas se tornaria um sucesso de crítica e nas premiações a ponto de, finalmente, a direção toda diferentona de Yorgos Lanthimos cair no gosto do público além de toda uma parcela de cinéfilos que já endossavam sua filmografia antes mesmo dessa era hollywoodiana começar e que tão logo teria continuidade com Tipos de Gentileza dentro do período de um ano? Em seu novo filme, o cineasta grego retoma a sua vertente excêntrica, por mais que as histórias que vem a contar aqui não sejam das mais interessantes.


Com roteiro escrito por Lanthimos e Efthimis Filippou (O Sacrifício do Cervo Sagrado, O Lagosta), Tipos de Gentileza compreende três histórias distintas, ainda que circundem um homem de meia-idade chamado por suas iniciais R.M.F. (Yorgos Stefanakos) que tende a aparecer quase que em nível de figurante. Gradativamente bizarros, os capítulos trazem seus protagonistas à beira da insanidade em seus esforços para cumprirem ou se livrarem de verdadeiras enrascadas, seja pelo caso de um homem que precisa fazer tudo o que um coach demanda, pelo conto de um marido que estranha o comportamento de sua esposa sobrevivente de um naufrágio e, por fim, pela história de uma mulher que, tendo abandonado a família, procura uma figura milagreira para um casal de místicos muito dos libidinosos.

Margaret Qualley, Jesse Plemons e Willem Dafoe em TIPOS DE GENTILEZA
(© Searchlight Studios/Reprodução)


Não se mexe em time que está ganhando e Lanthimos acerta em continuar sua parceria com Willem Dafoe e Emma Stone, sempre soberbos, dando destaque também para Margaret Qualley e os recém-chegados Jesse Plemons e Hong Chau. Interpretando personagens diferentes a cada capítulo, é perceptível como o elenco, que também tem Joe Alwyn (famoso mais por ser ex da Taylor Swift...) e Mamoudou Athie, consegue convencer essas diferenças de facetas mesmo com mudanças sutis no figurino e cabelos (e barba também), mas nem tudo isso contorna um texto que se delonga além do necessário.

Emma Stone em TIPOS DE GENTILEZA
(© Searchlight Studios/Reprodução)


Lanthimos almeja o non-sense com suas situações absurdas, porém, diferente do que vimos em Pobres Criaturas, em que departamentos de arte e de fotografia contribuíam para com a riqueza narrativa, aqui, a duração inflacionada de uma narrativa sem muitos detalhes e sem o mesmo suporte de arte e fotografia já acaba exaurindo a paciência logo no primeiro capítulo. É claro que ver Plemons ou Stone sendo artistas é uma experiência incansável, mas a redundância no roteiro, tão disposto a falar de sexo que acha que isso será chocante o suficiente.


Margaret Qualley em TIPOS DE GENTILEZA
(© Searchlight Studios/Reprodução)


De qualquer forma, penso que Tipos de Gentileza (Kinds Of Kindness, no original) ainda é uma experiência com picos de criatividade e que "R.M.F. come um sanduíche" talvez seja seu melhor capítulo (atenção para a cena pós-créditos), só restando um tempero a mais: uma dinâmica a la Fargo, dos irmãos Ethan e Joel Coen, que fazia todo esse humor sinistro parecer mais picante e não simplesmente apelativo.




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