Filme quase biográfico de Steven Spielberg
traz uma grande sensação de nostalgia do que não vivemos e de uma dualidade
entre a família e a arte.
Logo antes da exibição de Os Fabelmans,
Steven Spielberg salientou que esse é o filme mais pessoal da carreira do
diretor e isso diz muito sobre o resultado que temos em tela. Desde a forma
onde enaltece as filmagens da infância do diretor até o conturbado divórcio dos
pais, que sempre foi dito como muito importante na vida de Spielberg.
O filme é mais um da série de filmes de
memória dos diretores, que conta com Roma, de Alfonso Cuarón, Belfast, de Kenneth
Branagh, Licorice Pizza, de Paul Thomas Anderson, e o mais recente Armaggedon
Time, de James Gray. A onda que ganhou força com o mexicano tomou conta do
imaginário de vários realizadores e pode ter arrebatado Spielberg pela idade,
já que, aos 75 anos, não se sabe muito bem até quando ele poderá dirigir filmes
com a mesma energia de hoje.
O filme conta a trajetória da família
Fabelman, onde Sam (Gabriel LaBelle) descobre o seu amor por filmagens após
assistir um filme no cinema. Em meio ao conflito dos pais, com a mãe Mitzie
(Michelle Williams) representando a arte e o pai Burt (Paul Dano) como figura da
ciência.
A dualidade entre arte ciência que reflete-se
em razão contra emoção é só um dos subtextos do filme, que traz muitos
questionamentos sobre como duas personalidades opostas podem interferir na
criação de um filho e como ao abraçar a arte, muitas vezes se esquece da
família para viver intensamente aquele sentimento de criação.
A parte
técnica é incrível, desde a fotografia que brinca com diferentes formatos de
milimetragem da película, até o design de produção que recria os anos 50/60 com
perfeição e a trilha sonora com a dobradinha de maior sucesso do cinema, entre
John Williams e Spielberg.
O que mais sobressalta aqui é o subtexto, sendo que não há uma grande reviravolta na trama ou algo que nunca foi feito anteriormente, mas sim o clima de infância e a nostalgia de todos que já brincaram com uma câmera. Aqui o roteiro é apenas um alicerce que conduz um clima delicioso que faz as duas horas e meia de filme uma experiência muito gostosa de acompanhar.
Sam não sofreu problemas fora do comum para uma criança judia no mesmo período, o antissemitismo sempre foi errado, mas nessa época era normalizado. Mas não é por falta de sofrimento que sua história não deve ser contada.
Os Fabelmans se torna o grande filme da nova categoria de filmes de memória. E antes que eu esqueça, esse filme tem facilmente a melhor participação especial da década.
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