quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

OS FABELMANS – a origem de um gênio | CRÍTICA

Filme quase biográfico de Steven Spielberg traz uma grande sensação de nostalgia do que não vivemos e de uma dualidade entre a família e a arte.

Logo antes da exibição de Os Fabelmans, Steven Spielberg salientou que esse é o filme mais pessoal da carreira do diretor e isso diz muito sobre o resultado que temos em tela. Desde a forma onde enaltece as filmagens da infância do diretor até o conturbado divórcio dos pais, que sempre foi dito como muito importante na vida de Spielberg.

O filme é mais um da série de filmes de memória dos diretores, que conta com Roma, de Alfonso Cuarón, Belfast, de Kenneth Branagh, Licorice Pizza, de Paul Thomas Anderson, e o mais recente Armaggedon Time, de James Gray. A onda que ganhou força com o mexicano tomou conta do imaginário de vários realizadores e pode ter arrebatado Spielberg pela idade, já que, aos 75 anos, não se sabe muito bem até quando ele poderá dirigir filmes com a mesma energia de hoje.

O filme conta a trajetória da família Fabelman, onde Sam (Gabriel LaBelle) descobre o seu amor por filmagens após assistir um filme no cinema. Em meio ao conflito dos pais, com a mãe Mitzie (Michelle Williams) representando a arte e o pai Burt (Paul Dano) como figura da ciência.


A dualidade entre arte ciência que reflete-se em razão contra emoção é só um dos subtextos do filme, que traz muitos questionamentos sobre como duas personalidades opostas podem interferir na criação de um filho e como ao abraçar a arte, muitas vezes se esquece da família para viver intensamente aquele sentimento de criação.

A parte técnica é incrível, desde a fotografia que brinca com diferentes formatos de milimetragem da película, até o design de produção que recria os anos 50/60 com perfeição e a trilha sonora com a dobradinha de maior sucesso do cinema, entre John Williams e Spielberg.

 

O que mais sobressalta aqui é o subtexto, sendo que não há uma grande reviravolta na trama ou algo que nunca foi feito anteriormente, mas sim o clima de infância e a nostalgia de todos que já brincaram com uma câmera. Aqui o roteiro é apenas um alicerce que conduz um clima delicioso que faz as duas horas e meia de filme uma experiência muito gostosa de acompanhar.

Sam não sofreu problemas fora do comum para uma criança judia no mesmo período, o antissemitismo sempre foi errado, mas nessa época era normalizado. Mas não é por falta de sofrimento que sua história não deve ser contada.

Os Fabelmans se torna o grande filme da nova categoria de filmes de memória. E antes que eu esqueça, esse filme tem facilmente a melhor participação especial da década.

 


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