quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

BABILÔNIA – uma era de excessos que peca pelo excesso | CRÍTICA


 
Novo filme de Damien Chazelle (La La Land) traz uma trama focada na ascensão e queda dos astros da Hollywood dos anos 1920, bem como suas glórias e derrotas.

A trama de Babilônia passa pela vida de 4 protagonistas destacados nos pôsteres, eles são Manny Torres (Diego Calva), um sonhador que almeja fazer parte do universo de Hollywood; Nellie LaRoy (Margot Robbie), uma atriz que busca a fama a qualquer custo; Jack Conrad (Brad Pitt), um veterano da indústria que se vê sob novos desafios e Sidney Palmer (Jovan Adepo), um trompetista talentoso que busca espaço entre as estrelas.

Já de cara, podemos trazer um tópico sensível sobre Chazelle, que já foi criticado por ser um diretor que trabalha com pouca diversidade em seus filmes e, aqui, teria a chance de dar holofotes a um protagonista negro, o que passa longe de ser verdade. O personagem de Adepo apenas pontua o longa em alguns pedaços para mostrar a passagem de tempo.



Passando essa página, a sinopse oficial do filme no IMDB é “Um conto de ambições exageradas e excessos escandalosos, ele traça a ascensão e queda de múltiplos personagens durante uma era de desenfreada decadência e depravação no início de Hollywood”. Não é por nada que sinônimos de hipérbole são usados aqui, porque o filme se propõe a realmente mostrar isso, com um alto nível de consumo de drogas, festas incríveis e até escatologia, porém sem saber dosar a quantidade ideal de cada um desses pilares. Com poucos minutos de tela, há um elefante cagando na direção dos atores e da câmera, claramente algo que nem as comédias mais fora de tom fazem em 2023.

Esse tom de humor é um dos pontos mais baixos do filme, visto que funciona muito pouco pelas mais de 3 horas de projeção. Na busca de querer fazer personagens engraçados o filme apenas traz pessoas forçadas e que pouco tem a dizer. É a primeira vez que eu não me conectei com nenhum personagem de um filme de Chazelle, salvo pequenos momentos no terceiro ato.

O filme parece inchado, com cenas que demoram uma eternidade para serem concluídas e olha que eu nem me refiro a alguns trechos que são propositalmente demorados para demonstrar a dificuldade de se filmar nos anos 20.





Outro problema de Babilônia é comentar sobre a virada do cinema mudo para o cinema falado, tópico onde já temos o filme definitivo para elucidar qualquer sentimento. Pelo menos, Chazelle reconhece isso e traz em tela alguns momentos de Cantando na Chuva, além de uma montagem final que mostra o quão gostoso é amar o cinema, porém como li esses dias atrás, Babilônia comete o erro de te lembrar que existem filmes melhores que ele durante a própria sessão.

Ao final de tudo, porém, é preciso dizer que Babilônia é um esmero técnico incrível, com a minha trilha sonora favorita da temporada de premiações, onde em vários momentos os acordes de Justin Hurwitz eram melhores do que estava sendo mostrado em tela.

Babilônia é um filme grande e exige uma experiência no cinema, porém para ser um grande filme ele precisaria de uma boa reforma no tom e na metragem.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.