quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

M3GAN – aquela brincadeira perversa que a gente gosta | CRÍTICA


Por mais assustadores, asquerosos e violentos que os filmes de terror costumam ser, é verdade que o gênero, por vezes, acaba se tornando divertido ao seu modo – não por menos, o anúncio da produção da terceira temporada da série Chucky, derivada de Brinquedo Assassino, demonstra a boa disposição do público para a franquia do boneco encapetado mesmo depois de mais de três décadas desde o lançamento do original (apesar de um certo reboot hi-tech pouco ou nada estimado pelos fãs). A chegada aos cinemas de M3gan, de produção da Blumhouse, poderia dar muito errado tendo em vista seu apelo tecnológico, mas quando se tem James Wan no jogo, tudo fica bem mais divertido.


O drama familiar que circunda a narrativa assinada por Akela Cooper (Maligno) está longe de ser cativante (ou talvez seja até a direção de Gerard Johnstone que pouco se interessa nisso mesmo), até porque o que interessa mesmo são as diabruras da boneca-título. No caso, Gemma (Allison Williams, de Corra!), uma desenvolvedora de brinquedos, tem pouco tato para cuidar da sobrinha, Cady (Violet McGraw), e aproveita a oportunidade para testar seu mais novo – e caríssimo – protótipo que pretende mudar a indústria de brinquedos. Chamando a atenção por seus detalhes "físicos" e internos, a boneca M3gan vai ganhando a confiança da solitária menina, mas também vai aprimorando seus conceitos sobre a humanidade. Há uma considerável aproximação com Vingadores: Era de Ultron, mas o que deve o relativo sucesso de público mesmo antes de chegar às telas?


(Universal Pictures/Divulgação)


Não apenas a boneca, mas a produção demonstra bem antenada às tendências, sendo possível dizer que, aqui, enfim entregam um terror para a geração TikTok – apesar de uma parcela se dedicar ao culto das produções da A24. Seja pelos trailers que entregam "dancinhas" e outras passagens divertidas do longa, é real que M3gan é cativante, e toda a combinação do gestual, sons mecânicos e um texto afiado faz com que ficamos atentos ao que este brinquedo reserva. Se o roteiro, de fato, não se preocupa em inovar conflitos, a ponto de a trilha sonora reiterar notas prevendo os destinos de quaisquer "malfeitores" e os jump-scares, a maior surpresa fica com o mau comportamento progressivo da boneca – e nunca uma música da Sia soou tão amedrontadora!


Apesar de se basear em uma jornada quiçá clichê para o seguimento do gênero, um outro ponto positivo reside no fato de não haver as batidas referências ao ocultismo. É quase um episódio de Black Mirror, em que as causas levam a consequências drásticas até demais, mas sem a pecha pretensiosa de ser esnobe. Que bom, então, que dispensando tramas complicadas ou mambembes, M3GAN resgata o bom entretenimento horripilante que tava fazendo falta.




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