sábado, 4 de junho de 2022

A Ferrugem | CRÍTICA (11° Olhar de Cinema)


A Ferrugem
(La Roya) conta a história de Jorge (Daniel Ortiz), o único jovem da sua geração que seguiu vivendo e trabalhando na fazenda de sua família, numa isolada comunidade em meio à floresta colombiana. Com o retorno de vários de seus amigos e da sua primeira namorada, vindos da cidade grande para as festas anuais locais, ele confronta o passado, mas também suas decisões sobre presente e futuro.

O grande debate de A Ferrugem é essa dualidade entre a simplicidade e o isolamento do campo em contato com uma geração que busca mais do que apenas seguir os passos da família. Com informação e o sonho de ir para a cidade grande, muitas famílias estão tendo os últimos anos de vivência rural, ainda mais no caso em que conta o filme, uma região serrana, montanhosa e de terreno acidentado, longe de sons eletrônicos, produtos industriais e até mesmo perspectiva de saída. O filme se aproveita da paisagem e abusa de grandes planos abertos que tentam captar a imensidão e o distanciamento social em que Jorge se encontra.

Ao mostrar o seu protagonista como alguém traumatizado e com feridas que ainda estão longe de serem curadas, nem mesmo o reencontro com um mundo que oferece muitas facilidades o atrai. A principal virtude do filme é explicitar claramente o papel do pertencimento perante os ambientes em que se frequentam. Jorge pode até se deixar levar com música eletrônica, drogas e mulheres bonitas, mas sabe que seu lugar é no topo da montanha, fazendo a manutenção de uma plantação de café, ganhando pouco pelo que tanto que trabalha e observando os pequenos contatos com os comerciantes da região. 

 


O silêncio, a agressividade e vários aspectos de masculinidade são exploradas de maneira muito interessante ao longo do filme, que é um dos destaques do festival, até agora.

Há uma última coisa que Jorge transporta para sua rotina, o reggaeton, que agora deixará as podas de café muito mais empolgantes.


Filme participante da Mostra Competitiva do festival.

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