quinta-feira, 2 de junho de 2022

Vai e Vem | CRÍTICA (11° Olhar de Cinema)

Vai e Vem conta a história de um tratado entre as diretoras Chica Barbosa e Fernanda Pessoa, que morando em países diferentes – a primeira em Los Angeles e a segunda em São Paulo –, estabelecem que vão mandar vídeo-cartas como forma de comunicação, mas cada vídeo deve ser inspirado em uma diretora experimental e deve ser gravado em até três semanas.

Antes de tudo, o filme é muito experimental, o que pode ser bom ou ruim, dependendo do espectador. Em muitos momentos, a edição ágil e muito fora de um padrão que estamos acostumados causa um bom estranhamento, ao mesmo tempo em que há pouca unidade narrativa aqui.

A proposta do filme em si já traz desafios de unir pedaços de correspondências distintas e unir em uma obra, que com isso ganha ao expôr as diferenças entre os EUA e o Brasil, seus sistemas eleitorais e uma alta dose política, porém também trazem consigo uma alta dose de experiências que não funcionam, como o humor pontual sem timing, críticas que até flertam com profundidade nos temas sociais, mas que param na superfície, além de momentos onde há um questionamento sobre as próprias criadoras daquela obra e quais as lutas que elas estão inseridas.


Definitivamente, não é um filme que vá ser popular ou de fácil tato, talvez por se propor demais a ousar e ter momentos básicos muito bem executados. Como é um recorte de fragmentos, claro que alguns serão mais interessantes que outros, porém, a maioria dos casos aqui coloca forma pela forma e comunica menos do que poderia. A sensação é de que o filme flerta com algo muito interessante, mas acaba se perdendo pela falta de um norte a ser seguido.

 

Vale destacar que a diretora Fernanda Pessoa é a criadora do grande documentário "Histórias que nosso cinema (não) contava", onde mesmo com a união de inúmeros filmes das chanchadas conseguia manter um fio narrativo muito criativo, que infelizmente aqui faz falta.


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