terça-feira, 14 de junho de 2022

LIGHTYEAR – ao infinito e...? | CRÍTICA


O anúncio de Lightyear surgiu em um dia dos acionistas da Disney e tomou todo mundo de surpresa. Um filme solo do boneco? Um filme contando a história do personagem? No fim, a explicação foi de que seria um filme falando sobre o personagem que deu origem ao boneco, mas, ainda assim, as primeiras frases de introdução do filme realmente conseguem explicar. O novo filme da Pixar, então, traz mensagens importantes, um visual incrível e boa aventura, mas esbarra em uma trama comum e que não se destaca entre os sucessos do estúdio.


Lightyear segue o lendário Patrulheiro Espacial depois que em um teste de voo da nave espacial faz com que ele vá para um planeta hostil e fique abandonado a 4,2 milhões de anos-luz da Terra ao lado de seu comandante e sua tripulação. Enquanto Buzz tenta encontrar um caminho de volta para casa através do espaço e do tempo, ele descobre que já se passaram muitos anos desde seu teste de voo e que os descendentes de seus amigos, um grupo de recrutas ambiciosos, e seu charmoso gato companheiro robô, Sox. Para complicar as coisas e ameaçar a missão está a chegada de Zurg, uma presença alienígena imponente com um exército de robôs implacáveis e uma agenda misteriosa.


Ao ter a frase “No ano de 1995, o garoto Andy ganhou um boneco do seu filme favorito... esse é o filme”, a pressão jogada para si aumenta. Mesmo sendo uma criança, esse filme deve ter o peso de ser o favorito de alguém e é aí que ele esbarra em um pequeno problema: o personagem já foi explorado melhor no passado.


A série em 2D Buzz Lightyear do Comando Estelar ou a introdução de Toy Story 2, que simula um jogo, vão para lados muito mais divertidos do que o filme de 2022. A escolha por uma ficção científica menos fantasiosa tem consigo coisas boas, como o desenvolvimento de personagens, mas traz também a menor possibilidade de invenção. Os personagens são divertidos, mas tirando o gatinho Sox, que tinha potencial para ser muito chato e acaba sendo bem fofo. Alguns outros personagens até tem seus momentos, mas nenhum tem destaque parecido com o dado ao protagonista.




Entre as discussões mais profundas, sem entrar em spoiler, mas a moral do filme lembra muito UP – Altas Aventuras, que discorre sobre a ideia de aproveitar a vida somente quando um ideal é atingido, mas no fim as pessoas já viveram felizes suas vidas. Com certeza aqui é o ponto alto da narrativa, que, como sempre nos filmes da Pixar, tem aquele momento de choro que toda a plateia fica com os olhos mareados. Mas, para além desse momento, o filme soa como um grande episódio spin-off de um personagem tão conhecido da cultura pop, que, mesmo sendo muito divertido, não parece ser o filme favorito de uma criança ou estar no patamar de qualquer filme da franquia Toy Story.


O terceiro ato não entrega grandes sequências de ação como poderia, talvez porque o vilão não seja tão desenvolvido e a revelação de quem na verdade é Zurg, ou o quão fácil é derrotar cada personagem antagonista. As ameaças aqui não representam perigo iminente em nenhum momento, com isso a resolução perde força e a sensação é de potencial desperdiçado.


O personagem, que não é dublado por Guilherme Briggs dessa vez, tem sua voz capitaneada por Marcos Mion (e Chris Evans, no original), que é uma boa escolha e não compromete, mas é claro que substituir um dos dubladores mais queridos do Brasil não é trabalho simples. Portanto, acho que muita gente não irá gostar do trabalho apenas por apego ao antecessor.


Lightyear consegue ser divertido e até profundo em alguns momentos, mas não consegue alçar voos mais altos que o coloquem no mesmo patamar dos melhores filmes da Pixar. Talvez, se fosse um filme com outro nome lançado por outro estúdio, ele teria ganho mais o meu coração, mas sendo Buzz Lightyear e a Pixar, a sensação ao sair do cinema é de que faltou algo e eu esperei por uma cena pós-creditos para ver se esse algo a mais viria, mas não rolou.


Mesmo gostando do filme e tendo uma boa nota, ele ainda não me toca como Soul, Luca e até Red - Crescer É Uma Fera fizeram.



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