terça-feira, 7 de junho de 2022

Paterno | CRÍTICA (11° Olhar de Cinema)


Dirigido por Marcelo Lordello, Paterno conta a história de Sérgio (Marco Ricca), um arquiteto do Recife que está com planos de implementar seu projeto mais ousado em um bairro a beira-mar na capital de Pernambuco.

O tema moradia social em Recife não é inédito. Aquarius, um jovem clássico do cinema nacional, já abordou a discussão pelo viés do morador que sofre assédios das construtoras. Nesse caso aqui, a complexidade está na figura de Sérgio, que ainda quer ser um artista e se imagina explorando espaços diversos e novas ideias, porém, é totalmente barrado pelo conselho da empresa do pai, que está muito doente. 


Outros personagens são bem explorados, como o filho, Thomaz (Gustavo Patriota), está no ano do vestibular e sente uma grande desconexão com o pai. Do outro lado, Cláudio (Thomás Aquino) é um morador do bairro na mira da construtora que acaba encontrando uma oportunidade de ganhar dinheiro ao ter as comissões por imóvel vendido.


Ao focar suas lentes nos personagens "opressores", os maiores medos são pintar os bilionários como mocinhos na história da gentrificação, porém, felizmente, o filme não vai por esse lado. Sérgio não é uma boa pessoa, ele sempre foi ensinado a poder comprar as pessoas e, qualquer problema, ele pode levantar a voz para ser a última palavra. Essa complexidade narrativa é interessante para que o próprio público decida qual é o lado em que quer estar, por isso o filme ganha muito mais profundidade.


Quase todos os personagens tem um bom detalhamento e o roteiro é bem fechadinho, o que torna um filme muito correto, com quase nenhum erro, o que é diferente de ser um filme perfeito. Talvez, um polimento maior no roteiro para que a obra tivesse menos subtramas ou até mesmo uma clareza maior no final, mas nada que diminua o bom filme.



Filme integrante da Mostra Competitiva do 11º Olhar de Cinema.

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