quinta-feira, 12 de abril de 2018

Rampage: Destruição Total | CRÍTICA


Estremecendo as fundações do que é verossímil, o diretor Brad Peyton fez de Terremoto: A Falha de San Andreas o maior sucesso da Warner nos cinemas em 2015, aliado com o grande carisma de Dwayne Johnson e sua grande competência com cenas de ação. Assumidamente exagerado, o filme-catástrofe era uma síntese de tudo o que o grande público entende como entretenimento: além da proposta de se experimentar uma situação calamitosa como tanto gosta, a trama descompromissada sobreposta por sequências chamativas por sua escala e efeitos não se esquecia de transmitir um bom humor e um apelo familiar com seu elenco bem escolhido. Fato que não seria diferente no caso de Rampage: Destruição Total, que faz questão de reiterar seu subtítulo brasileiro durante toda a sua projeção.

Adaptando e revigorando o game homônimo lançado em 1986 pela Midway Games, a trama escrita por Ryan Engle (O Passageiro) e outros três roteiristas apresenta o primatologia Davis Okoye (Johnson), um ex-militar que não pensa duas vezes em sua preferência de ter animais como companhia, resultando num incrível elo de amizade com George, um gorila albino morador de uma reserva em San Diego que, de tão inteligente, chega a conversar por língua de sinais com Okoye. No entanto, um experimento mal sucedido em uma estação espacial faz com que amostras caiam em solo e afetem diretamente os animais em contato, provocando uma série progressiva de mutações genéticas que não poderiam deixar o primata de fora. Temendo o crescimento e a agressividade latentes de seu amigo animal, junto com a Dra. Kate Caldwell (Naomie Harris) e o policial Harvey Russel (Jeffrey Dean Morgan), Okoye percorre o rastro de destruição deixado pelos superpredadores Estados Unidos afora, culminando em uma Chicago que, como em tantas outras vezes no cinema americano, sediará mais uma catástrofe de grandes proporções em suas ruas e prédios.

Warner Bros. Pictures / Divulgação)

Despreocupado em esbanjar uma quantidade absurda de diálogos expositivos que contrariam todos os preceitos roteirísticos, Rampage não é um "filme-cabeça", apesar de insistir em uma complexidade rasa de seu veio de ficção científica que leva a um dramas secundários entediantes. Tendo como opositores um coronel robótico e a dupla de irmãos interpretada por Malin Akerman e Jake Lacy concretizando o que há de mais fútil e pedante na geração de jovens empresários, o filme cresce toda a vez em que The Rock está em cena, principalmente naquelas de situações extremas. Diferente do que Michael Bay costuma fazer em suas produções escalando atrizes mais por sex appeal, Naomie Harris tem uma personagem funcional que vai além da tarefa de recitar qualquer explicação científica, formando um par divertido com Dwayne Johnson, enquanto que Jeffrey Dean Morgan se diverte na caricatura de seu delegado de sotaque carregado e Joe Manganiello (comprovando sua escalação como Exterminador no final de Liga da Justiça) surpreende na caçada ao lobo Ralph. Aliás, é quando o filme justamente se dedica exclusivamente às tomadas de destruição que nos deparamos com seus melhores momentos que, brutalidade à parte, são encenados sempre com criatividade e com movimentos de câmera inventivos a ponto de não dever nada para a virtuose vista em Kong: A Ilha da Caveira.

Warner Bros. Pictures / Divulgação)

Excepcional em seus efeitos visuais que acompanham os avanços gráficos dos filmes similares (nisso, o início apresenta uma semelhança positiva com a trilogia Planeta dos Macacos) sem se comprometer em seu espetáculo destrutivo ao passo em que se lembra de fazer qualquer pessoa se apegar a George (o que um bom close num olhar sensível não faz?), muito que favorecido pela dedicação que The Rock entrega nestas partes, Rampage se sobressai ante todas as pretensões operisticamente dramáticas que se acometem nos filmes de monstros recentes, tão passíveis de aborrecer o espectador.

Até porque, ciente da narrativa nada existencialista que tem em mãos, Brad Peyton entende que o público quer – e merece – se surpreender e se divertir sem precisar quebrar a cabeça para entender o filme, por mais que acarrete em colocar os personagens explicando duas vezes a mesma coisa.




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