domingo, 27 de setembro de 2020

Um festival de "pluralidade" e "espaço de troca", afirmam diretores do 9º Olhar de Cinema | ENTREVISTAS


O 9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba começa no próximo dia 7 de outubro e estamos muito empolgados com a programação de filmes que integram as mostras desse evento que tem colocado a capital paranaense como sede de um dos festivais que mais crescem no país.

Entretanto, a pandemia da Covid-19 levou a organização do Olhar a repensar a estrutura do evento não só tendo que adiar a sua semana de realização em 4 meses, mas adaptando para a plataforma virtual tal como outros festivais de cinema no Brasil tiveram que rearranjar.

Plano Extra teve a honra de entrevistar Eugenia Castello e Antonio Gonçalves Junior – respectivamente, a Diretora Executiva e o Diretor Artístico do 9º Olhar de Cinema – considerando este novo cenário para a realização de festivais, a experiência com a "Edição Especial" em junho passado e demais curiosidades pelos títulos selecionados. Confira!

Com Eugenia Castello, conversamos a respeito dos desafios desta edição e a experiência de ver filmes que se destacaram em edições anteriores do festival ganhando espaço nas grandes plataformas de streaming:

– Em junho passado, o Olhar de Cinema realizou uma mostra virtual retrospectiva que resgatou filmes das edições passadas. Como isto contribuiu para a produção do festival se preparar para a sua 9ª edição contando com muitos filmes a mais na programação? 

Eugenia: Foi ótimo ter feito a mostra em junho, nos ajudou bastante em vários aspectos. Fez com que a gente pudesse testar de antemão questões práticas da realização online e a partir dessa experiência entendemos melhor quais caminhos poderíamos seguir. Decidimos fazer com poucos filmes por uma limitação técnica e porque também o intuito da mostra era comemorar a semana original do evento em 2020, com um filme por dia, não fazer algo maior. Agora sim, estamos com muitos mais filmes, mas mesmo assim ainda menos do que em edições anteriores. E chegamos na preparação da 9ª edição compreendendo bem mais as questões e possibilidades, dentro do nosso alcance, para o Olhar que queríamos fazer.

– Grande parte da experiência de um festival de cinema estão nas conversas que público e realizadores podem trocar ao longo dos dias de atividades. O que o Olhar está reservando para estimular essa interatividade agora no meio virtual e em alcance praticamente mundial?

Eugenia: Sempre discutimos muito esta questão e nosso entendimento, desde o começo, foi o de não tentar imitar o que o festival já foi, pois não seria possível e não faria sentido. As possibilidades de uma versão 100% online são diversas e novas para todos nós e teríamos que descobrir novos caminhos, não deixando de lado a essência do evento. Produzimos uma série de conversas com os/as realizadores/as dos filmes que serão disponibilizadas nos próximos dias no nosso canal de YouTube e site. Entendemos a importância da possibilidade de criar um material importante e deixar ele registrado. São realizadores/as que, numa edição física, não teríamos condição de trazer ao festival e agora tivemos a oportunidade de dialogar com eles/as e trazer a discussão ao público. É um trabalho que foi possível pela dedicação e entrega da equipe de curadoria que ao longo dos últimos dias tem conversado com os filmes e discutindo a pluralidade dos temas. Também, pensamos o site para que ele possa ser um espaço de troca e as pessoas poderão deixar lá seus comentários sobre os filmes, um espaço para o diálogo.


– Nos últimos anos, o festival projetou filmes que vieram a ter um ótimo desempenho tendo a oportunidade de integrar não só o catálogo da Olhar Distribuição, como aparecer em grandes plataformas de streaming desde a MUBI e o Prime Video até a Netflix. Existem planos de manter uma plataforma própria e permanente e, assim, revisitar os destaques do Olhar de quando o espectador quiser?

Eugenia: Vale ressaltar que a Olhar Distribuição e o Olhar de Cinema não têm quaisquer vínculos, apenas a identidade do nome.

Ficamos sempre imensamente felizes quando vemos os caminhos que seguem os filmes que estiveram no Olhar. É muito interessante e sempre buscamos parcerias, como no caso da Mubi, para que estes possam encontrar novas janelas de exibição, assim como formas e contato com o público.

Estamos sempre pensando novas possibilidades, mas, no momento, não há planos de criar uma plataforma de acervo própria.


Falamos com Antonio Gonçalves Junior a respeito da diversidade temática dos filmes que sempre compuseram a identidade do festival aliada ao pensamento da curadoria e os destaques da mostra Olhares Brasil: 

– A cada edição do festival, a programação do Olhar surpreende pela pluralidade de títulos, vide as produções conterrâneas até as de nacionalidades remotas. O que a 9ª edição difere de suas antecessoras?

Antonio: Acredito que sempre vamos incrementando nossos processos e tendo mais clareza da linha do festival. Esse ano não será diferente. Com uma equipe de curadoria composto por 7 pessoas, sendo 4 em longas e 3 em curtas e com minha presença em ambas equipes conseguimos realmente ter essa pluralidade interna o que acaba por refletir na programação.


– Um dos vários filmes que mais gostei no 8º Olhar foi o Bimi, Shu Ikaya e fiquei entusiasmado ao saber que veremos mais títulos com as tradições indígenas em pauta este ano. Não por menos, a seleção da Olhares Brasil parece excelente. O que o público poderá sentir com filmes como Yãmĩyhex: as mulheres-espírito ao lado de Sertânia, do veterano Geraldo Sarno, entre outros com temas sociais e até distopias produzidas por jovens realizadores?

Antonio: Esse ano temos alguns filmes feitos por cineastas indígenas, assim como outros que perpassam por esta temática. Claro que isso não depende muito da equipe de curadoria, mas sim dos filmes que chegam até nós. Este ano foi algo foi realmente uma grande quantidade e vários deles dentro de uma proposta muito instigante trazendo diferentes olhares. E algo que nos deixou muito contente esse ano é ter cineastas de diferentes gerações. Além do Sarno já citado tem a Helena Ignez [A Moça do Calendário], Paloma Rocha, Eliane Caffé [Era o Hotel Cambridge], Paula Gaitán.


– Escolhidos a dedo em prestigiados festivais internacionais, os filmes da Mostra Competitiva sempre foram incisivos na compreensão de sua contemporaneidade. Apesar de serem feitos em cenário pré-pandemia, é possível dizer que os integrantes da Competitiva do 9º Olhar refletem, de certa forma, este conturbado ano de 2020? O que o público encontrará nessas histórias?

Antonio: É sempre uma mostra que buscamos trazer filmes que se proponham a estabelecer um diálogo com um público um pouco mais amplo dentro do evento. Temos diversas partes do mundo ali representada, indo de histórias extremamente pessoas até mesmo temas políticos do mundo contemporâneo que é algo sempre importante para nós neste processo de escolha dos filmes.


Ingressos para os filmes do 9º Olhar de Cinema já estão à venda



O 9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba acontece de 7 a 15 de outubro e o público já pode adquirir os ingressos para os filmes da programação do festival diretamente no site olhardecinema.com.br

Os ingressos têm preço único de R$5,00 e quem comprar dez ingressos ou mais ganha um desconto de 20% usando o cupom cinefilia20

As sessões são sujeitas a lotação e os filmes poderão ser vistos apenas dentro do seu dia de exibição, das 6h da manhã até às 5h59 do dia seguinte e apenas dentro do território brasileiro.

As vendas por boleto só ficarão disponíveis até o dia 30 de setembro.

A programação completa já está disponível no site e no app do Festival. Baixe agora pela AppStore (https://apple.co/2HhUlBc) e no GooglePlay (https://bit.ly/2VxJOvx). Lá, também é possível encontrar todas as atividades paralelas.


Sobre o Olhar de Cinema


O Olhar de Cinema é um festival que busca destacar e celebrar o cinema independente produzido no mundo. São propostas estéticas inventivas, envolventes e com comprometimento temático, que abrange desde a abordagem de inquietações contemporâneas acerca do micro universo cotidiano de relacionamentos, até interpretações e posicionamentos sobre política e economia mundial.

A seleção apresenta ao público filmes que se arriscam em novas formas de linguagem cinematográfica, que estão abertos ao experimentalismo e que, ainda assim, possuem um grande potencial de comunicação com o público.

Nesta edição, o Festival acontecerá de forma totalmente online, os filmes ficarão disponíveis diretamente no site do festival: www.olhardecinema.com.br. Ao todo, a programação terá sete mostras: Mostra Competitiva, Novos Olhares, Outros Olhares, Olhares Brasil, Exibições Especiais, Mostra Foco e Mirada Paranaense.

O 9º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Cinema conta com apoio da Copel, Governo do Estado do Paraná, Lojacorr, incentivo da Lei de incentivo à cultura, Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba e PROFICE.



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