DO JEITO QUE ELAS QUEREM: O PRÓXIMO CAPÍTULO – nunca é tarde... | CRÍTICA

 

Não é sempre que vemos as lendárias Jane Fonda e Diane Keaton juntas e, pra melhorar, no cinema recente. Por isso, Do Jeito Que Elas Querem foi uma deliciosa surpresa em 2018 ao trazer as duas atrizes em pé de igualdade com Candice Bergen e Mary Steenburgen em suas aventuras literárias enquanto redescobrem o amor e suas posições como mulheres (todavia de vidas mui privilegiadas) entre as implicações do envelhecimento. E é também gratificante que, agora, a continuação novamente dirigida por Bill Holderman mantém a qualidade de seu antecessor e tornando esta sequência ainda mais emocionante e até mais engraçada.

É possível que Do Jeito Que Elas Querem: O Próximo Capítulo contenha ares de "mais do mesmo" se formos considerar que tudo se mantém num bom nível. A fotografia é ensolarada e de cores sempre aconchegantes, as locações despertam uma vontade de passear pela Itália e o elenco, obviamente, não compromete em nada com suas reflexões ou piadas atrevidas. O que muda aqui, talvez, seja o fato de que há menos do Book Club do seu título original, todavia há sempre menções a passagens de "O Alquimista", de Paulo Coelho, entre outras sacadas boas de livros que foram bastante disseminados por outros clubes literários em tempos pandêmicos – e há, digamos, uma boa homenagem inicial a esses grupos virtuais que manteram nossa sanidade em meio a longa espera. 

 

(© Universal Pictures/Divulgação)

 

Na continuidade dos anseios femininos em cena, penso que O Próximo Capítulo faz com que o quarteto de protagonistas aqui sejam donas de suas próprias histórias, por mais que não se façam escritoras de papel e tinta ou teclado e tela. Entre vidas bem desfrutadas e, agora, redescobrindo o amor, será que tudo precisa se oficializar do mesmo jeito que os outros esperam? Sempre uma mulher à frente do seu tempo, a então intérprete de Barbarella, mais uma vez, torna a instigar a posição feminina nos relacionamentos. 

(© Universal Pictures/Divulgação)

O procrastinador George R.R. Martin escrevera, num de seus livros de "As Crônicas de Gelo e Fogo", que uma pessoa que lê vive mil vidas. Aplicando tal figuração aqui, poderíamos dizer que Viv, Diane, Sharon e Carol, ao refletirem sobre seus passados, presunções sobre o futuro e aceitando que acreditar em destino ou "não era pra ser" não passam de compensações, se permitem viver novas vidas no tempo que lhes é dado – e nunca é tarde, jovem ou velho, para se pensar nisso.