quinta-feira, 26 de maio de 2022

TOP GUN: MAVERICK – quando a canastrice funciona, a experiência é incrível | CRÍTICA


Os créditos iniciais de Top Gun: Maverick são um bom resumo do que serão as pouco mais de duas horas de metragem: um porta-aviões, sons altos de decolagem de caças aéreos e a icônica música "Danger Zone", que toca no primeiro filme da franquia. Ali estão os traços estéticos que permeiam a obra. Uma breguice maravilhosa e ensolarada.

O enredo gira entorno do agora Capitão Pete "Maverick" (Tom Cruise) que, após mais um ato de insubordinação, sofre uma punição e deve ir treinar a nova geração de pilotos Top Gun.


É impossível desassociar esse projeto da figura de Tom Cruise, que se sustenta como uma das maiores estrelas de Hollywood há quase 40 anos e ainda sustenta uma paixão adolescente pelos filmes que faz. Em entrevistas, ele se derrete todo ao dizer que está muito feliz por ter usado caças F-18 reais para filmar as cenas de voo. Coisa que algum outro astro poderia apenas ignorar, mas ele não; e assim como ele sempre diz: "Tem a ver com como vamos contar as histórias. Se eu fizer as cenas, podemos colocar câmeras em lugares que, normalmente, nunca conseguiríamos”. Mas todos sabemos que ele quer ser imortalizado como uma figura mítica que será lembrada como alguém que se arriscava pelo que amava fazer.

(© Paramount Pictures/Reprodução)

Talvez seja nessa entrega que esteja o grande mérito do filme. Uma alma que, mesmo fora de seu tempo, ainda traz consigo uma personalidade forte e canastrona e, por mais que possa incomodar, ainda é muito melhor desenvolvida que boa parte dos blockbusters lançados atualmente.


Existe uma grande diferença entre a estética brega e o erro de tom que torna algo brega. Aqui, em Top Gun: Maverick, está o exemplo mais claro dessa diferença. Não há o menor esforço em trazer uma trama rebuscada ou que desenvolva os personagens para muito além de caricaturas baseadas nos protagonistas do original. Os vilões não têm rosto ou bandeira e isso pouco importa, porque, no conflito final, o desafio é vencer a si mesmo.

(© Paramount Pictures/Reprodução)

As cenas de ação são realmente impressionantes e saber que os atores estavam dentro dos caças só enriquece a experiência. Esse é um dos pontos que me fazem acreditar que a sequência é superior ao original. Aqui, a ação é mais palpável e diferente de franquias como Velozes e Furiosos, temos uma carga de desafio a ser vencido, pois apesar de quase ser um super-herói, o capitão Maverick encontra vários degraus de desenvolvimento e enfrenta dilemas que realmente tem importância.


(© Paramount Pictures/Reprodução)


Entre os problemas estão algumas cenas que servem para preencher o filme, mas que não necessariamente entregam algo que vá ser importante para a trama, que não se propõe a revolucionar o cinema, mas tudo bem, Top Gun é mais que isso.

Mesmo sendo lançado em 2022, os principais signos do filme são os mesmos do original, afinal de contas, Top Gun não é nada mais e nada menos do que homens inseguros que exploram seus medos e sentimentos enquanto comandam as armas mais potentes do planeta. Se você entrar no cinema com essa expectativa, sua experiência será muito divertida, tanto para o bem quanto o mal. Mas se você espera ver um filme que discuta sobre os dilemas sociais contemporâneos, você não tem a menor ideia do que esse filme se propõe.


(© Paramount Pictures/Reprodução)

Quando sobem os créditos finais, ao som da maravilhosa "Hold My Hand" de Lady Gaga, com os nomes dos atores e as cenas mais marcantes no filme são quase retirados de uma sala de edição de VHS. Quando aparece Tom Cruise, me bateu uma pequena tristeza, de que estamos sim vivendo uma grande fase desse astro, mas que, infelizmente, estamos muito mais perto do fim do que do começo de figuras como as dele. Tom Cruise, por favor, continue apaixonado pelos seus filmes!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.