quinta-feira, 16 de abril de 2020

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica | CRÍTICA

Gif de Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward)

Quase já não surpreende mais ninguém o fato de que as franquias cinematográficas da Disney possuem, em sua maioria, histórias com um forte teor familiar que, entre atritos e conflitos, resultam em catarses poderosas na valorização do próximo. Nos contos da Pixar, a ausência de figuras paternas passou de algo talvez terciário (jamais vimos o pai de Andy na trilogia Toy Story) a primordial (Procurando Nemo, Os Incríveis, O Bom Dinossauro) até culminar à fascinante revelação de Viva: A Vida É Uma Festa e, agora, seguindo o fio, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica traça um admirável exercício de renovação de um mote universal com muita magia pra ninguém por defeito.

A julgar por seus primeiros minutos, Onward (título original) parece uma obra bem alheia ao padrão da filmografia do estúdio a julgar pelos traços de seus personagens e até o tipo de humor que mais se aproximam de Shrek e Trolls, mas a verdade é que a aventura co-escrita e dirigida por Dan Scanlon (movido muito que por experiências pessoais similares, segundo o próprio em painel na CCXP) vai encantando aos poucos até chegar a um ponto em que o feitiço é irreversível. A situação, oras, é favorável: ao narrar a história dos irmãos Ian (Tom Holland) e Barley Lightfoot (Chris Pratt) em um mundo em que seres fantásticos se tornaram sedentários, acomodando-se nas facilidades providas pela eletricidade e esquecendo-se do que podiam conjurar com magia, o convite para o público escapar de seu cotidiano monótono se torna cada vez mais divertido e enérgico justamente por trazer e referenciar ao espectador elementos que lhes são muito estimados em sua vivência cultural.

Foto das personagens de Octavia Spencer e Julia Louis-Dreyfus em Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
(© Disney·Pixar/Reprodução)

Em terrenos onde cartas e livros de RPGs acabam, de certa forma, sendo baseados em fatos reais daquele mundo, é maravilhoso ver como Dois Irmãos se dedica paralelamente em homenagear várias propriedades intelectuais do gênero sem se restringir ao cinema oitentista, rendendo aí perigos como cubos gelatinosos e raros artefatos poderosos dignos das mesas de Dungeons & Dragons, bem como o apreço de Barley por músicas de heavy metal melódico e tudo mais que contemple um passado mágico. Ponto a favor também para a gag sobre a forma correta de pronunciar um feitiço de levitação, o que deve agraciar a geração que se dedicou a acompanhar a saga de outro menino bruxo na década passada e que volta a encontrar a mesma graça que J.K. Rowling abdicou em prol de um novelão sombrio

Foto dos personagens de Tom Holland e Chris Pratt em Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
(© Disney·Pixar/Reprodução)

Nessa digressão de charadas e mapas que se torna uma espécie de Indiana Jones tolkieniano com traços pontuais de teen movie, acaba que Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, em seus avanços artísticos e narrativos no desenvolvimento de personagens (diga-se de passagem) atualíssimos, é um filme que vai além da importância das lembranças para cada pessoa, mas o fato de cada uma delas se redescobrir e enxergar aquilo que mais estima.




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