terça-feira, 7 de abril de 2020

Princesa Mononoke | CRÍTICA

Foto de Princesa Mononoke

Princesa Mononoke é um intenso, envolvente e encantador longa de animação produzido pelo Studio Ghibli, escrito e dirigido pelo aclamado diretor Hayao Miyazaki. O filme dialoga, principalmente, sobre a dificuldade que nós humanos temos de viver em harmonia com a natureza e como isso é agravado pela ganância e pelo avanço científico, bélico e populacional da sociedade. E, apesar do filme tratar de temas sérios e palpáveis, magia e mistério não faltam quando o assunto é a floresta presente em Mononoke Hime, repleta de espíritos, deuses e seres mágicos. 

A história de Mononoke Hime começa com um furioso Tatarigami (Deus Javali que foi transformado em demônio) invadindo a pequena e isolada vila em que nasceu o Príncipe Ashitaka. Ele tem seu braço infectado por uma maldição que o concede poderes sobre-humanos, mas que eventualmente o matará. Ashitaka então parte em uma jornada à procura de não apenas uma cura para si mesmo, mas também de respostas: o que teria transformado aquele Deus Javali em um monstro furioso e demoníaco? É assim que ele parte para sua jornada ao desconhecido e que acaba conhecendo San, a garota que foi abandonada pelos pais e criada por lobos, chamada pelos outros humanos de Princesa Mononoke (que significa “princesa espírito”) e Lady Eboshi, inimiga mortal de San e dos outros lobos, uma ambiciosa líder que acolhe ex-prostitutas e leprosos e os coloca para trabalhar. Ele também se depara com outras vilas, samurais, Deuses, espíritos que fazem parte da floresta e com o enigmático Shishigami. 


Miyazaki conta em uma entrevista que narrativa se passa durante o período Muromachi (1336 - 1573) época em que ocorreram diversos avanços culturais no Japão, mas que também foi um período marcado por muitos conflitos e guerras internas. Essa relação entre abundância e conflito é muito discutida na narrativa. Assim como na vida real, os humanos, maravilhados pelas próprias realizações e conquistas, se tornam arrogantes e destroem si mesmos e a natureza em busca de poder ilimitado. A ganância de muitos personagens claramente gera diversos problemas, violência e até guerras de proporções épicas. Outro fator gerador de conflito é a falta de compreensão ao outro.


Contendo diversas cenas de batalha, guerra, algumas mortes e seres de aparência grotesca, Mononoke Hime não é como a maioria dos filmes do Studio Ghibli, ou seja, voltado para o público infantil (inclusive, ele não é um filme recomendado para menores de 12 anos). E isso não se dá apenas pelas cenas de violência explícita, mas também pelo conteúdo complexo que é abordado na trama. 


As paisagens, os personagens e objetos e os seres mágicos todos possuem texturas diferentes entre si. Uma das técnicas utilizadas para produzir esse efeito foi a mistura sutil de elementos da animação 3D com a 2D, o que traz um visual único e exuberante para o filme. 

Com uma narrativa muito bem construída, personagens marcantes e complexos, natureza exuberante, paisagens dignas de estarem em um quadro e que trata de um tema tão importante e relevante para os dias atuais quanto a preservação da natureza e da necessidade da sociedade humana de buscar a harmonia, Mononoke Hime é, sem dúvida, um filme imperdível para os fãs do Studio Ghibli, por todos aqueles que se interessam por animação e por pessoas que buscam construir uma sociedade melhor e menos destrutiva. 


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