segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

The Cloverfield Paradox | CRÍTICA


Há dez anos, pouco se sabia o contexto por trás de Cloverfield - Monstro, dirigido por Matt Reeves e com produção de J.J. Abrams, apresentando uma Nova York sitiada por criaturas imprescindíveis, deixando um rastro de destruição registrado sob o filtro de uma câmera amadora que, até então, estava dedicada a meras filmagens de reuniões de amigos. Enquanto um exercício experimental de linguagem, há quem ainda ame ou despreze o projeto que, em 2016, trouxe em Rua Cloverfield, 10 uma continuação que, com sua trama mais próxima de um thriller psicológico, convidava o espectador a confabular sobre todo aquele universo que anunciava sua expansão, sem tardar em anunciar que seu terceiro filme tomaria o caso do acelerador de partículas como mote. O que antes fora intitulado de God's Particle, este The Cloverfield Paradox complementa e interliga seu universo ao passo em que apresenta uma boa ficção científica espacial.

Novamente produzido por Abrams, com roteiro escrito por Doug Jung (Star Trek: Sem Fronteiras) e Oren Uziel (Anjos da Lei 2), The Cloverfield Paradox introduz um futuro próximo onde recursos de energia se esgotam na mesma proporção em que seus preços se elevam, o que faz com que seis nações enviem seus melhores cientistas a fim de testar o acelerador de partículas no espaço e, assim, conseguir uma energia mais limpa e duradoura e conter a crise que se alastra na Terra. No entanto, há quem critique os testes (que se estendem muito além da data prevista) com o perigo de alterar a camada do espaço-tempo e trazer consequências para o que se entende por "multiverso" e, quando mais um teste persiste em sua instabilidade, suas falhas não só trarão consequências para os tripulantes a bordo da Shepard, mas para o próprio planeta com ameaças já conhecidas do público.

(Netflix/Divulgação)

Munido de um bom elenco (Daniel Brühl, David Oyelowo, Gugu Mbatha-Raw, a ótima Elizabeth Debicki, além de Chris O'Dowd, Ziyi Zhang e John Ortiz) e uma narrativa pra lá de minuciosa a ponto de se imergir em detalhes científicos sem se esquecer do fator emoção humana, o diretor nigeriano Julius Onah conduz boas cenas de ação enquanto intensifica todo o suspense dentro da nave privilegiando closes e a câmera sempre em movimento do diretor de fotografia Dan Mindel (Star Wars: O Despertar da Força), mais do que bem-aventurado em filmes espaciais. É reverente também o uso que Onah faz dos sons, ora rompendo ora surpreendendo expectativas que tendem a se intensificar até, literalmente, o último minuto do filme.

A partir dos seus acertos, muito que aproveitando a euforia por Black Mirror que, pelo menos, fomentou público para a ficção científica (o que é uma pena saber que a Paramount Pictures recuou em fazer um lançamento nos cinemas e entregando nas mãos da Netflix, tal como fará com o promissor Aniquilação), The Cloverfield Paradox surge como uma boa e instigante prequência ao seu cânone por ir justamente aonde os recentes Vida e Alien: Covenant falharam drasticamente, apesar de abraçar os seus mesmos clichês narrativos e apresentar pequenas descontinuidades com o seu original de 2008. Só resta saber se o quarto filme já finalizado manterá seu formato antológico ou, enfim, nos proverá mais mistérios que só e provavelmente alguém no multiverso saberá suas respostas.


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