INVOCAÇÃO DO MAL 4: O ÚLTIMO RITUAL …e a apreensão pelo final | CRÍTICA

 

De um filme de terror que despontou por sua direção caprichada e um par de protagonistas carismáticos, a franquia Invocação do Mal se tornou algo maior do que apenas apresentar o casal de demonologistas vivido por Vera Farmiga e Patrick Wilson. Todavia, por mais que os maiores acertos ficaram a cargo da virtuose de James Wan (e seu diretor de fotografia, Don Burgess), os derivados com mais tempo de tela para Annabelle e A Freira, por outro lado, ficaram aquém do produto principal, que chega agora em seu quarto e derradeiro capítulo sentindo a fadiga de uma fórmula que já foi melhor.

Novamente dirigido por Michael Chaves (Invocação do Mal 3 e A Maldição da Chorona), é possível dizer que esta (supostamente) última incursão dos Warren por um caso sinistro na Pensilvânia é uma das narrativas mais sombrias da saga, apesar de carecer de um demônio ou mais diabruras tão emblemáticas quanto o filme de 2016 nos arrepiou. Invocação do Mal 4: O Último Ritual, por sua vez, enfatiza ainda mais as relações familiares e todo o receio em perder um ente querido independente do tempo de vida. Para isso, a narrativa investe um considerável (e cansativo) tempo de tela para recontar um incidente ocorrido no início dos anos 1960 com um jovem casal Warren e, já em 1986, acompanhando a quase aposentadoria dos mesmos apesar do desespero de uma família de um bairro industrial.

(© 2025 Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Se a investida de foco nas relações sempre foi um trunfo na franquia por, justamente, conceder mais empatia tanto aos protagonistas como para as vítimas (ainda que, pra tudo, há limite), a direção de Chaves parece muito emular o estilo da direção que James Wan fizera nos dois primeiros filmes: nota-se um plano-sequência adentrando a casa lúgubre da família Smurl introduzindo todos os membros desta; há movimentos de câmera arrojados que nem sempre se justificam …e até mesmo um flerte maior com efeitos visuais que soam supérfluos. Nessa batida de mesmas teclas, ver que ainda insistem em colocar uma Annabelle gigante chega a ser desanimador pelo fan service óbvio.

(© 2025 Warner Bros. Pictures/Divulgação)

De qualquer forma, consigo enxergar que todo esse ritmo cauteloso da narrativa faz deste Invocação do Mal 4: O Último Ritual provavelmente seu episódio mais denso e apreensivo muito porque nunca vimos os Warrens tão vulneráveis e perturbados quanto antes. Para todos os efeitos e sustos, a franquia encerra uma era no cinema mostrando que, para além do exorcismo, o terror tem lá seu afago para a alma.