terça-feira, 16 de setembro de 2025

A LONGA MARCHA: CAMINHE OU MORRA – jornada sintomática? | CRÍTICA

 
Cooper Hoffman e David Jonsson em A LONGA MARCHA


Seria presunçoso dizer que a adaptação de A Longa Marcha, romance escrito por Stephen King (ainda sob o pseudônimo de Richard Bachman), veio para o cinema com muito atraso tendo em mente que se trata de um exemplar publicado em 1979 e que o saturamento das ditas distopias com protagonistas jovens desde Maze Runner a Divergente lançadas na década passada contribuiriam, de certa forma, para o desinteresse de um público que espera encontrar um mínimo de diferencial. Aos cuidados de Francis Lawrence, que conduziu o restante da saga Jogos Vorazes, a versão para cinema se concentra em uma jornada visceral, ainda que sucinta do que poderia entregar.


Situada nos Estados Unidos em uma realidade extremista (coincidência?!), a trama apresenta uma leva de adolescentes com os pés ali na vida adulta em busca do "Prêmio", ou seja, conquistar tudo a que tem direito após percorrer um trecho de centenas quilomêtros caminhando por estradas do interior estadunidense até que o penúltimo competidor caia. Sob a vigilância do carrasco Major (Mark Hamill), qualquer ameaça de parada por cada competidor é passível de advertências em uma rota que não tem receios de ser mortal e até mesmo escatológica.


Mark Hamill em A LONGA MARCHA
(© Lionsgate/Divulgação)


Penso que a primeira metade de A Longa Marcha é muito boa. Há um ritmo bem compassado para apresentar ao público toda a dinâmica acirrada entre os jovens e os militares que os acompanham com olhos de abutre, sendo as conversas entre os personagens de Cooper Hoffman (Licorice Pizza) e David Jonsson (Alien: Romulus) as pegadas mais marcantes do texto com muita reflexão (superficial) e apoio moral (breve) entre os demais. Nada simpatizante com a política atual de seu país, Mark Hamill cria uma caricatura facilmente odiosa por lembrar de tipos trumpistas, embora não tenha muito mais a ser explorado aqui. De fato, o roteiro de JT Mollner acaba se dispersando e dedice se concentrar apenas em "melhores momentos", ou seja, quando um ou mais jovens acabam ganhando "bilhetes". 

A sensação que fica é que, mesmo com um desfecho que se encaminha para lágrimas, parece até que estavam com pressa de terminar a narrativa o quanto antes tamanho desinteresse em explorar o material em mãos.


(© Lionsgate/Divulgação)


Ironicamente sintomático para um era controversa em vigência em seu país de produção, A Longa Marcha (The Long Walk, no original) dá a sensação de que poderia entregar muito mais, especialmente se levar em conta que o livro em si beira as 300 páginas. A fotografia não tem nenhum requinte, a direção até reprisa passos de Jogos Vorazes com (só) um pouquinho de Mad Max antigo, a trilha sonora parece ter o cuidado de ser melodramática em potenciais frases de efeito que até comovem, mas, tal como a narrativa em si, algo parece que ficou perdido no caminho. 



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