quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Sobrenatural: A Última Chave | CRÍTICA


Casa das principais fitas de horror da última década e reveladora de jovens e aficionados diretores, a Blumhouse Productions de Jason Blum hoje é umas das fontes mais preciosas para boa parte dos grandes estúdios de Hollywood quando buscam histórias de terror potencialmente lucrativas, afinal de contas, sempre houve e sempre haverá público disposto a pagar ingresso para levar sustos ou testemunhar experiências apavorantes – o sucesso dos filmes do universo de Invocação do Mal, It: A Coisa e os cofres da Warner que o digam. No caso da Sony Pictures, a franquia Sobrenatural trouxe uma identidade de horror própria carregada por seu bom elenco em uma conflituosa história de mediunidade e entidades malignas que, embora menos impactantes em sua continuação e na prequência lançada em 2015, retoma aos eixos agora com uma trama intimista e acompanhada dos mais previsíveis sustos e calafrios.

Novamente escrito por Leigh Whannel, Sobrenatural: A Última Chave trata-se de uma continuação dos eventos de Sobrenatural: A Origem, porém focando essencialmente em um velho trauma da médium vivida por Lin Shaye enquanto busca se aproximar de seu capítulo inicial. Nos filmes anteriores, vimos o quão eficaz e impassível Elise é contra demônios e quaisquer outras ameaças malignas, mas o que pouco era sabido era como aquela simpática senhora começou a manifestar seu dom peculiar entre uma infância difícil (ainda mais morando do lado de um horripilante presídio) e consecutivamente castigada pelo pai, apesar do breve amor materno e da companhia de seu amedrontado irmão.


A partir de um caso que, relutantemente, leva Elise a voltar para a velha casa de sua família no Novo México acompanhada da dupla de "caça-fantasmas" Spec e Tucker (Leigh Whannel e Angus Sampson, respectivamente), o diretor Adam Robitel segue a premissa da série em romper com alguns clichês do terror por mais que não resista à tentação de inserir um jump scare acompanhado dos acordes agudos da trilha de Joseph Bishara, além de investir numa boa e oblíqua composição dos cenários, onde sombras nem sempre são as verdadeiras ameaças nos cômodos ao passo em que deixa o espectador em agonia quando estica o braço próximo a uma hélice de um orifício de ventilação enquanto ruídos metálicos se intensificam. Ademais, os cineastas também resgatam os azulados corredores do submundo em contraste com as portas vermelhas, prenunciando outro horripilante inimigo que, de praxe, se mostra mais um acerto da equipe de arte e maquiagem.

Potente em sua catarse pela punição de torturadores de mulheres, mas com uma forte ressalva para o drama familiar insosso conduzido com pouco interesse por seu diretor (do contrário, a carismática Lin Shaye faz o possível para dar consistência ao triste pano de fundo de sua personagem), Sobrenatural: A Última Chave (Insidious: The Last Key, no original) prova que é envolvente o suficiente para aqueles que nada mais querem do que uma sessão de sustos descompromissados e que ainda é capaz de arrepiar e divertir os espectadores que acompanharam a franquia desde o seu início, embora seja incerta a disposição dos mesmos pelo que essa "última chave" pode abrir para o futuro da história da família Rainier.



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