A ideia por trás do roteiro de Max Landis (roteirista de Poder Sem Limites e filho do lendário John Landis, diretor de Um Lobisomem Americano em Londres e do icônico clipe "Thrilller", de Michael Jackson) era naturalmente fascinante, digna de atiçar qualquer fã de fantasia ou jogadores de RPG. Em um mundo alternativo e contemporâneo, humanos coexistem com elfos, orcs e outras criaturas tidas como mágicas e, na grande Los Angeles apresentada em Bright, impera-se uma discriminação racial mais tensa do que já é na realidade (orcs e homens – negros e latinos – dividem os subúrbios) e, quando um certo artefato mágico cai nas mãos erradas, a situação não poderia se complicar mais – tanto para os personagens da história como para o próprio resultado do filme apresentado pela Netflix.
Conhecido pelo infame Esquadrão Suicida, David Ayer faz de Bright algo bem distante das esperadas aventuras mágicas que ficamos habituados a gostar desde a esporádica produção na década de 1980 ou, anos depois e no ápice do gênero, quando a trilogia O Senhor dos Anéis nos apresentou na melhor forma possível toda essa pluralidade de raças e demais elementos que a gente espera ver sempre e com qualidade pareada. Convicto de que domina a temática, tal como os pontos altos de sua filmografia (seja como roteirista ou diretor) o precedem, Ayer apresenta aqui mais uma fita policial que se orgulha de sua marra de periferia e de seus longos papos-testosterona que podem ser divertidos para um espectador pouco familiarizado com suas obras, mas, no fundo, apenas comprometem o passo da narrativa e a experiência do público que valoriza a ação acima de uma redundante – e aborrecível – verborragia. Em outras palavras, Bright é como se Dia de Treinamento se passasse em Warcraft, porém se atendo apenas a um genérico e análogo discurso sobre preconceito racial.
Afora o curioso pano de fundo estabelecido que coloca orcs como ouvintes e cantores de death metal (nada mais condizente) e elfos com sua elegância imortal (e duvidosa, vide o caso do galã feio Édgar Ramirez em uma função confusa), além de que a contrastada fotografia de Roman Vasyanov torna os cenários bem críveis por sua poeira ao ar, Will Smith, Joel Edgerton e Noomi Rapace fazem o possível para que a história seja divertida dentro de cada brecha. Nesta bem-vinda reversão de papéis, a atriz sueca se porta como uma mordaz assassina élfica enquanto Edgerton emprega carisma para seu orc policial cuja confiança é (irritantemente) questionada pelo policial de Smith que, pra variar, cada vez mais faz questão de surgir onipresente e valoroso em seus papéis.
Botando pra tocar uma nova seleção de músicas à moda topzera, vide as vendas expressivas da trilha de Esquadrão Suicida (só que com interrupções e em frequências menores do que no filme da DC), é inegável que David Ayer perdeu outra grande oportunidade de se lançar com um rico material em mãos enquanto se vê apegado aos seus fetiches estéticos e arquétipos – coisa que ainda me incomoda no seu conciso Corações de Ferro. Enfim, se o futuro for brilhante mesmo para uma continuação de Bright, que os seus responsáveis caiam na real de que nem sempre se há uma varinha para reverter os erros em cena.
Conhecido pelo infame Esquadrão Suicida, David Ayer faz de Bright algo bem distante das esperadas aventuras mágicas que ficamos habituados a gostar desde a esporádica produção na década de 1980 ou, anos depois e no ápice do gênero, quando a trilogia O Senhor dos Anéis nos apresentou na melhor forma possível toda essa pluralidade de raças e demais elementos que a gente espera ver sempre e com qualidade pareada. Convicto de que domina a temática, tal como os pontos altos de sua filmografia (seja como roteirista ou diretor) o precedem, Ayer apresenta aqui mais uma fita policial que se orgulha de sua marra de periferia e de seus longos papos-testosterona que podem ser divertidos para um espectador pouco familiarizado com suas obras, mas, no fundo, apenas comprometem o passo da narrativa e a experiência do público que valoriza a ação acima de uma redundante – e aborrecível – verborragia. Em outras palavras, Bright é como se Dia de Treinamento se passasse em Warcraft, porém se atendo apenas a um genérico e análogo discurso sobre preconceito racial.
Afora o curioso pano de fundo estabelecido que coloca orcs como ouvintes e cantores de death metal (nada mais condizente) e elfos com sua elegância imortal (e duvidosa, vide o caso do galã feio Édgar Ramirez em uma função confusa), além de que a contrastada fotografia de Roman Vasyanov torna os cenários bem críveis por sua poeira ao ar, Will Smith, Joel Edgerton e Noomi Rapace fazem o possível para que a história seja divertida dentro de cada brecha. Nesta bem-vinda reversão de papéis, a atriz sueca se porta como uma mordaz assassina élfica enquanto Edgerton emprega carisma para seu orc policial cuja confiança é (irritantemente) questionada pelo policial de Smith que, pra variar, cada vez mais faz questão de surgir onipresente e valoroso em seus papéis.
Botando pra tocar uma nova seleção de músicas à moda topzera, vide as vendas expressivas da trilha de Esquadrão Suicida (só que com interrupções e em frequências menores do que no filme da DC), é inegável que David Ayer perdeu outra grande oportunidade de se lançar com um rico material em mãos enquanto se vê apegado aos seus fetiches estéticos e arquétipos – coisa que ainda me incomoda no seu conciso Corações de Ferro. Enfim, se o futuro for brilhante mesmo para uma continuação de Bright, que os seus responsáveis caiam na real de que nem sempre se há uma varinha para reverter os erros em cena.
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