Adaptado do livro homônimo escrito por Raquel J. Palacio, Extraordinário surge como um filme que não precisa se esforçar muito para conquistar o público. Com tamanha história carismática, impulsionada com sua estreia nos cinemas em meio às solenidades natalinas, é em sua apresentação do garoto Auggie Pullman (interpretado pelo prodígio Jacob Tremblay, de O Quarto de Jack) e das pessoas ao seu redor que o longa se destaca por ser um bem-vindo estímulo a gentileza após um acúmulo anual de chateações, ainda que via uma abordagem leve e familiarmente segura.
À parte das cicatrizes das vinte e sete cirurgias feitas para reparar a sua anomalia cranofacial de nascença, qualquer um diria que Auggie é um menino como qualquer outro de dez anos: passa um bom tempo jogando vídeo-games, adora Star Wars (a ponto de ter uma trança de aprendiz Padawan e lightsabers de plástico) e tem uma facilidade acima da média quando se trata de Ciências. Escolarizado a vida inteira dentro de casa por sua mãe, Isabel (Julia Roberts), Auggie receia pelo início das aulas e o convívio com as outras crianças da sua idade e, talvez o pior disso tudo, o que cada uma delas vai pensar e reagir quando vê-lo tirar seu adorado capacete de astronauta. Do porto seguro diário que se torna a sua casa e familiares, incluindo o pai, Nate (Owen Wilson), a irmã, Via (Izabela Vidovic), a cachorrinha Daisy e os bons colegas, principalmente Jake (Noah Jupe), além de se imaginar protegido por ninguém menos que Chewbacca, é no contato com os infelizes bullies ou com seus professores solícitos que tanto Auggie como nós, espectadores, passamos a ter uma longa aula sobre a empatia que nem sempre é mútua, vide os capítulos que trazem os pontos de vista de outros personagens da trama.
Stephen Chbosky (do ótimo As Vantagens de Ser Invisível) co-roteiriza e dirige Extraordinário batendo na tecla da importância de se praticar a reciprocidade em tempos onde a sociedade urbana parece tão disfuncional justamente por sobreviver de um egoísmo à base das aparências (sejam elas físicas ou por omissões verbais e até virtuais) ou pelo desequilíbrio em se dedicar demais por algo ou alguém, mas se esquecendo do próprio bem-estar. Assim, os pontos de vista de Isabel, Jake, Via e de sua amiga Miranda (Danielle Rose Russell) projetam prévias do quanto Auggie influenciou em suas rotinas ou, mais precisamente, o que deixaram ou gostariam de ter ou porque aquele menino lhes é tão especial. Nesta galáxia de Nova York não muito distante para Auggie, ele ainda aprende sobre perda e reconciliação, por mais que pareça tudo tão difícil de aceitar.
É uma pena, no entanto, que o apelo às narrações nem sempre sejam funcionais para o longa. Com um descuidado núcleo adolescente (Chbosky tirou a sorte grande quando dirigiu Emma Watson, Ezra Miller e Logan Lerman no filme lançado em 2012), as subtramas soam inicialmente alheias ao conto principal uma vez que a dupla de amigas parece não se comportar de acordo com o texto narrado e que deveria ser tratado com um pouco mais de seriedade nos atos sequentes, embora a história se reitere em Auggie. Não obstante, o roteiro investe na sequência do acampamento no intuito de reiterar um moralismo automático já trabalhado nos incidentes anteriores na escola, servindo apenas como elemento redentivo para personagens coadjuvantes.
Fotografado por Don Burgess (Aquaman, Aliados, Forrest Gump) praticamente em dias nublados ressaltando as cores do meio escolar e urbano ao redor de Auggie, sem deixar de mencionar a tocante breve participação de Sonia Braga, Extraordinário (Wonder, no original) figura-se como um filme honesto cuja mensagem positiva, ainda assim, coloca a essência de sua narrativa acima das ressalvas mencionadas com material suficiente para boas risadas e lágrimas verdadeiras. É, portanto, uma obra de coração grande e disposta não só a agradar a todos os públicos, mas a infundi-lo a fazer a diferença.
À parte das cicatrizes das vinte e sete cirurgias feitas para reparar a sua anomalia cranofacial de nascença, qualquer um diria que Auggie é um menino como qualquer outro de dez anos: passa um bom tempo jogando vídeo-games, adora Star Wars (a ponto de ter uma trança de aprendiz Padawan e lightsabers de plástico) e tem uma facilidade acima da média quando se trata de Ciências. Escolarizado a vida inteira dentro de casa por sua mãe, Isabel (Julia Roberts), Auggie receia pelo início das aulas e o convívio com as outras crianças da sua idade e, talvez o pior disso tudo, o que cada uma delas vai pensar e reagir quando vê-lo tirar seu adorado capacete de astronauta. Do porto seguro diário que se torna a sua casa e familiares, incluindo o pai, Nate (Owen Wilson), a irmã, Via (Izabela Vidovic), a cachorrinha Daisy e os bons colegas, principalmente Jake (Noah Jupe), além de se imaginar protegido por ninguém menos que Chewbacca, é no contato com os infelizes bullies ou com seus professores solícitos que tanto Auggie como nós, espectadores, passamos a ter uma longa aula sobre a empatia que nem sempre é mútua, vide os capítulos que trazem os pontos de vista de outros personagens da trama.
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(Lionsgate/Divulgação) |
Stephen Chbosky (do ótimo As Vantagens de Ser Invisível) co-roteiriza e dirige Extraordinário batendo na tecla da importância de se praticar a reciprocidade em tempos onde a sociedade urbana parece tão disfuncional justamente por sobreviver de um egoísmo à base das aparências (sejam elas físicas ou por omissões verbais e até virtuais) ou pelo desequilíbrio em se dedicar demais por algo ou alguém, mas se esquecendo do próprio bem-estar. Assim, os pontos de vista de Isabel, Jake, Via e de sua amiga Miranda (Danielle Rose Russell) projetam prévias do quanto Auggie influenciou em suas rotinas ou, mais precisamente, o que deixaram ou gostariam de ter ou porque aquele menino lhes é tão especial. Nesta galáxia de Nova York não muito distante para Auggie, ele ainda aprende sobre perda e reconciliação, por mais que pareça tudo tão difícil de aceitar.
É uma pena, no entanto, que o apelo às narrações nem sempre sejam funcionais para o longa. Com um descuidado núcleo adolescente (Chbosky tirou a sorte grande quando dirigiu Emma Watson, Ezra Miller e Logan Lerman no filme lançado em 2012), as subtramas soam inicialmente alheias ao conto principal uma vez que a dupla de amigas parece não se comportar de acordo com o texto narrado e que deveria ser tratado com um pouco mais de seriedade nos atos sequentes, embora a história se reitere em Auggie. Não obstante, o roteiro investe na sequência do acampamento no intuito de reiterar um moralismo automático já trabalhado nos incidentes anteriores na escola, servindo apenas como elemento redentivo para personagens coadjuvantes.
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(Lionsgate/Divulgação) |
Fotografado por Don Burgess (Aquaman, Aliados, Forrest Gump) praticamente em dias nublados ressaltando as cores do meio escolar e urbano ao redor de Auggie, sem deixar de mencionar a tocante breve participação de Sonia Braga, Extraordinário (Wonder, no original) figura-se como um filme honesto cuja mensagem positiva, ainda assim, coloca a essência de sua narrativa acima das ressalvas mencionadas com material suficiente para boas risadas e lágrimas verdadeiras. É, portanto, uma obra de coração grande e disposta não só a agradar a todos os públicos, mas a infundi-lo a fazer a diferença.
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