sexta-feira, 28 de abril de 2017

Elon Não Acredita na Morte | CRÍTICA



O primeiro longa-metragem do diretor Ricardo Alves Jr. estreou ontem, pelo projeto Sessão Vitrine Petrobras, em mais de 20 cidades do Brasil. Elon Não Acredita na Morte é um thriller mineiro, já cercado por um histórico de elogios e prêmios, que conta a história de Elon (Rômulo Braga, brilhante), um vigia em busca de Madalena, sua mulher desaparecida (Clara Choveaux). Mas nem tudo é o que parece ser: o filme discute a solitude entre a grandiosidade labiríntica das metrópoles alucinantes.

Considerado por muitos críticos um dos melhores exercícios audiovisuais de tensão que se tem registro contemporâneo, equiparado – com razão – ao que fora há um ano Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba, são a Fotografia de Matheus Rocha e o design sonoro de Pablo Lamar que determinam todo o potencial linguagético do filme, que conta com uma diegese sonora magnificamente competente e enquadramentos de corpo a corpo com Elon, em andanças a esmo por encruzilhadas sem resposta – o que apenas reforça a narrativa tensional com uma sensação de incerteza fluida; um agonia ansiosa.


Claramente inspirado pela estética do pesadelo de David Lynch, o filme abusa ainda de uma imagem sóbria, cavernosa: Elon é sombra à procura de luz, um Orfeu grego contemporâneo. Sendo um mergulho no inferno pessoal de Elon, do qual pouco chegamos a realmente conhecer, o filme se habita por personagens que são nada mais que sombras na noite – e nisso também o trabalho de Alves Jr. é certeiro.

Estendido demais para a proposição narrativa, o filme só peca no desenrolar dramático (des)conflituoso, embora seja eficiente no que diz respeito à quebra de expectativas. Com certeza um ótimo filme de peregrinação atormentada e misteriosa, fundamentado na incerteza, identificando um diretor promissor: vale a pena conferir e ficar de olho no que está por vir.


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