sábado, 29 de abril de 2017

Guardiões da Galáxia Vol. 2 | CRÍTICA


Ver Guardiões da Galáxia nos cinemas em 2014 foi uma confirmação do que já estava bastante óbvio em seus bons trailers: uma bem humorada aventura espacial conduzida por uma equipe de improváveis heróis cujo carisma, consequentemente, trouxe muitos novos fãs a esse lado pouco conhecido da Marvel, assim como a maior arrecadação do estúdio naquele ano. Com tamanha fórmula de sucesso, restava saber se a iminente continuação repetiria os acertos do primeiro longa com a mesma irreverência ou se seria uma coletânea de momentos exagerados e gratuitos como acontecem com algumas sequências; coisa que, felizmente, passa longe desta nova e introspectiva jornada do Senhor das Estrelas e turma.

Tudo porque, minuto a minuto, o diretor/roteirista James Gunn retribui o afável retorno do público e entrega um filme que só faz crescer nossos sorrisos diante das várias situações cômicas e emocionantes pelas quais os personagens passam, juntos ou separados, a bordo de naves ou em cada planeta onde pisam e conhecem. Assim, Guardiões da Galáxia Vol. 2 surge como uma narrativa a favor de seus protagonistas e do desenvolvimento destes do que apenas situar o "temível" Thanos ou qualquer outro elemento já visto na dezena de filmes passados. Desta vez, é como se o filme de Gunn tivesse a liberdade de correr por fora e aproveitasse a deixa para conhecer melhor personagens que ficaram ofuscados(as) diante dos vários eventos do longa anterior, o que não quer dizer que as adições aqui sejam dispensáveis.



Dizer, portanto, que a fofura do Bebê Groot ou as gargalhadas quase-infinitas do Drax (Dave Bautista) roubam a cena parece equivocado uma vez que todos os personagens principais ali têm seus momentos de glória – e até o bando de Saqueadores e os esnobes Soberanos rendem ótimos momentos. O jeito convencido de Peter Quill continua provando o talento crescente de Chris Pratt como ator, Zoë Saldana segue durona como Gamora, mas revela momentos de conivência com a meia-irmã Nebulosa (Karen Gillan e um momento diva de vilania) e Bradley Cooper segue afiado no sarcasmo ao dublar o guaxinim Rocky, mas é o Yondu de Michael Rooker que surpreende por ser ainda mais engraçado e perigoso. Quanto aos novatos neste universo, Elizabeth Debicki comprova que a Alta Sacerdotisa Ayesha não entrará na galeria de vilões esquecíveis do estúdio, Pom Klementieff adiciona um charme tamanha ingenuidade da Mantis e o Ego de Kurt Russell, quando tinha tudo pra ser o mesmo de sempre, surge camarada até demais como o pai que quer quitar a ausência de convívio com o filho. Algo que, por outro lado, soa estranho para alguns dos heróis ali que nunca deixaram de desconfiar.



Estranheza esta que se reflete também quando o filme desacelera para investir na profundidade emocional dos personagens, uma pausa para a família parecida com a de Vingadores: Era de Ultron que, embora entregue cenas comoventes (e não há nada de errado em aprofundar as personalidades de super-heróis), passa a cansar pelo seu excesso e pelo fato de o estúdio ainda não ter acertado o equilíbrio entre seriedade e alívio cômico. De qualquer forma, é interessante notar como a seleção de músicas da "Awesome Mix Vol. 2" passa a ter maior função narrativa do que ditar o ritmo do longa, tal como bem fez sua antecessora mixtape. Músicas como 'Brandy (You're Fine Girl)' e 'Bring It On Home To Me' harmonizam a ligação entre pai e filho, enquanto que 'The Chain' reforça o elo (agora) inquebrável dos Guardiões.



A julgar por sua excelente mistura de cenas cartunescas com um inesperado lado pervertido, por seu design de produção assinado por Scott Chambliss (Star Trek, Tomorrowland) que cria espaços singulares e fascinantes por sua riqueza de detalhes (reparem, além da extravagante arquitetura dos Soberanos, na constituição majestosa e biológica da morada de Ego), por suas cenas de ação bem dirigidas e inusitadas, Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians Of The Galaxy Vol. 2) é bonito de se ver e afugenta todos os receios possíveis, presenteando seus espectadores com um entretenimento de ponta. Evitando estragar surpresas contando outros detalhes da trama, já não parece exagero afirmar que esses infames heróis espaciais são umas das melhores coisas do Universo Cinematográfico Marvel até agora e, a julgar por suas cinco cenas pós-créditos, o futuro dessa turma tende a ser ainda mais empolgante.





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